5 erros recorrentes no treino de mobilidade articular

Confira algumas práticas, comuns a muitos programas de treinamento, que são nocivas à mobilidade articular

Por Fabíola Vieira

As articulações são os pontos fixos usados pelo corpo para, através de músculos, tendões e ligamentos, executar movimentos. A mobilidade articular, expressão queridinha dos artigos médicos, fisioterápicos e esportivos, nada mais é do que a capacidade de executar esses movimentos de forma livre, com amplitude e sem sobrecarga excessiva sobre o conjunto (articulações, músculos, tendões e ligamentos). Lembre-se, nosso corpo não foi feito para atividade física. O esporte nos mantém saudável física e mentalmente, mas desgasta o corpo de forma inclemente.

Boa mobilidade articular significa menos estresse estrutural, mais performance, menos lesões e longevidade esportiva. Claro que só mobilidade articular não garante todos esses benefícios, mas é fundamental para que outras partes da engrenagem não se desgastem demais e de maneira prematura. Poucas pessoas são flexíveis – e aí incluem-se fatores genéticos e comportamentais – então esse trabalho é praticamente obrigatório para a quase totalidade dos atletas de competição, sejam eles amadores ou profissionais.

Por não aparecer, a mobilidade articular é negligenciada como parte do treinamento esportivo, principalmente a nível amador. Um músculo estirado, uma tendinite ou um ligamento rompido são fáceis de sentir, mas o que causou essas lesões? Sim, pode ter sido a falta de mobilidade articular.

Vou listar algumas práticas, comuns a muitos programas de treinamento, que são nocivas.

1. Só trabalhar a mobilidade de algumas partes do corpo

– A corrida exige mobilidade para extensão de quadril e aí entra uma boa flexibilidade do iliopsoas, que é o músculo da parte da frente do quadril;

– O ciclismo também exige boa mobilidade de quadril, só que diferente da corrida, o ponto focal aqui é a flexibilidade do posterior de coxa;

– Na natação a eficiência do gesto já depende de boa mobilidade articular do ombro.

2. Inconsistência no trabalho de mobilidade

– O trabalho de mobilidade requer adaptações neurológicas e fisiológicas. O ganho imediato de mobilidade após uma sessão de massagem e(ou) manipulação precisa ser “fixado” e, embora prazos variem dependendo de questões genéticas, capacidade física, nível de treinamento e assiduidade, isso pode levar meses. A má notícia é que ela pode ser perdida em poucas semanas. Em resumo, a mobilidade precisa fazer parte da sua planilha de treinos de forma perene e consistente.

3. Alongar antes do treino

– O que já foi quase um mantra da boa prática esportiva, hoje causa “déficits de força, potência e ativação muscular” (MAREK et. Al. 2005). Sim, o treinamento evolui com conhecimento e tecnologia. Optar por movimentos dinâmicos específicos para ativação muscular e aquecimento articular ao invés de alongamentos, não só vai aumentar seu desempenho como também ajudar a prevenir lesões.

4. Nem tudo é só mobilidade

– Joelhos, coluna lombar e escápula também precisam de estabilização ao serem usados. A musculatura que movimenta esses conjuntos precisa ser trabalhada especificamente para os exercícios a serem executados. Como já mencionei em outros artigos, músculos não devem ser somente fortes, mas fortes de maneira aplicável à modalidade praticada.

5. Negligenciar o processo respiratório

– Assim como nos treinos de resistência e(ou) força, a respiração é fundamental para o trabalho de mobilidade (e de alongamento também, diga-se de passagem). É quase involuntário prender a respiração e contrair o corpo naquele trabalho de mobilidade e(ou) alongamento que parece que vai romper o músculo ou deslocar a articulação, principalmente quando se é iniciante na prática. Manter a respiração profunda e controlada e o corpo relaxado são fundamentais para o ganho de mobilidade. Isso distensiona a musculatura, libera tendões e ligamentos e permite a articulação se movimentar de forma mais livre

Agora, conhecendo um pouco mais sobre mobilidade articular e sabendo o quão importante é o seu papel no esporte e na vida, inclua no seu treinamento uma rotina de ganho de mobilidade de 10 min, 02 ou 03 vezes na semana. Garanto que vai sentir a diferença logo no começo.

Bons treinos!

Fabíola Vieira

Fisioterapeuta e triatleta amadora

@fabiolabvieira

Redação

press@trisportmagazine.com