A eficácia do treinamento polarizado para triatletas amadores

O treinamento polarizado do triatleta envolve realizar a maior parte das sessões de natação, ciclismo e corrida na zona 1, abaixo do limiar do lactato

Por Roger de Moraes

Recente estudo realizado em grupo de triatletas amadores parece confirmar que, apesar das grandes variações na carga de treinamento, esses indivíduos tendem a treinar de forma proporcionalmente mais intensa do que atletas profissionais.

Em oposição às tendências propostas por entusiastas de novas metodologias, onde o correto seria treinar com menor volume e maior intensidade, evidências sugerem que seria exatamente a ênfase neste último componente, a causa de prejuízos no rendimento e na recuperação.

A esse respeito, inúmeros trabalhos começam a confirmar aquilo que atletas de alto rendimento já sabiam desde a década de 80: metodologias polarizadas seriam mais eficazes para promover adaptações em atletas iniciantes e experientes, ainda que nestes últimos alguns ajustes do volume possam ser realizados concentrando maior tempo em uma única sessão e concedendo período mais prolongado de recuperação.

O treinamento polarizado do triatleta envolve realizar a maior parte das sessões de natação, ciclismo e corrida na zona 1, abaixo do limiar do lactato. Neste contexto, muito pouco tempo é dedicado às zonas 2 (no limiar) e 3 (acima do limiar), que representam intensidade moderada que parece produtiva, mas que na realidade impossibilita a adequada recuperação e adaptação do organismo. Tal consideração não deve desconsiderar que algumas sessões prolongadas e um pouco mais intensas (nas zonas 2 ou 3) não possam ser realizadas, mas simplesmente que as mesmas devem ser planejadas de acordo com as características individuais de cada atleta.

É sempre importante destacar que cada método de treinamento precisa estar associado a um efeito biológico esperado. No caso das sessões na zona 1, ao priorizarmos o enchimento ventricular, o fluxo sanguíneo anterógrado e a oxidação de gorduras, que adaptações cardíacas, vasculares e metabólicas se processam com maior eficácia para constituir fundamentação aeróbica que não pode ser negligenciada pelo atleta de endurance. Ademais, tal intensidade de exercício minimiza o estresse oxidativo inerente às sessões mais intensas e promove alterações na comunicação inter-órgãos, que são necessárias para o reequilíbrio homeostático durante o exercício.

Roger de Moraes – @demoraesroger
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

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