Ter a harmonia entre ciclista e bike (homem e máquina) é primordial; tem que fluir em conjunto, sem cerimônia
Por Claudio Morgado
Quando falamos em educativos no triathlon, é comum pensarmos na maioria das vezes na natação e na corrida, entretanto, o ciclismo também deve ter seu momento de aprimoramento técnico no treinamento. Entender as razões e como fazer é muito importante.
Ter a harmonia entre ciclista e bike (homem e máquina) é primordial. Tem que fluir em conjunto, sem cerimônia. No alto desempenho vemos isso e exemplos não faltam, como Oscar Galindez e Marcus Ornellas nos mostraram tantas vezes, e atualmente constatamos esse casamento perfeito em atletas como Cameron Wurf e Sebastian Kienle, por exemplo.
Tem que fazer força no ciclismo? Sim! Mas ela não deve ser desperdiçada em movimentos descoordenados de cabeça, tronco e pernas, pois qualquer oscilação do corpo acarretará problema no deslocamento da bike, consequentemente perdendo tração. Então, temos de treinar a técnica através de educativos básicos para otimizar o movimento de tal maneira que a força aplicada sobre os pedais se transforme em desempenho.
Vale lembrar que para o ciclista ficar bem estabilizado em cima da bike, precisará de um bom ajuste da sua posição sobre a mesma (bike fit), além de ser importante identificar se existe diferença de aplicação de força entre a perna esquerda e direita durante o ato de pedalar.
Também é de suma importância ter um abdômen e lombar bem fortalecidos, com o tão falado core preparado para isso.
Partindo do pressuposto que o ciclista já domina o movimento de clipar e desclipar as sapatilhas dos pedais, pode-se começar com os seguintes educativos (para todos, uma diretriz é importante: mantenha seu tronco o mais parado que puder, sem movimentos desnecessários):
Pedalar em linha reta (numa quadra, por exemplo), passando sobre uma faixa no chão para orientação, com a roda traseira seguindo exatamente a linha da dianteira;
Pedalar em zigue-zague, através de cones, realizando diferentes tipos de curvas e também paradas repentinas. Os cones, num primeiro momento, podem estar bem espaçados entre si; com a evolução, podemos ir diminuindo a distância entre os mesmos;
Pedalar em círculos (cada exercício num sentido), começando num grande e a cada volta ir diminuindo para um menor, primeiramente fechando e depois abrindo o círculo. Isso vai ajudar a aprimorar o equilíbrio dinâmico e o equilíbrio recuperado (que é quando o ciclista vai quase cair durante a execução do exercício, mas não cai, mantendo o equilíbrio);
Após esse, pedalar fazendo o símbolo do “infinito” (o chamado “oito deitado”) no chão, que alterna o exercício anterior, dos círculos, em sentidos distintos no mesmo educativo;
Executar pedaladas unilaterais, entendendo como funciona e o porquê do pé estar clipado. Esses educativos podem ser feitos no rolo ou outdoor, alternando séries de 3,4,5 x 30 ciclos pra cada perna;
Esses educativos também podem ser feitos num primeiro momento com os dois pés nos pedais e, depois, tirando um dos pés do pedal e fazendo todo o movimento somente com uma perna por, por exemplo, 30”, e ir trocando.
Cláudio Morgado é técnico de triathlon. @morgadotri