Se no próximo dia 12 de outubro, na hora da largada da categoria profissional do Mundial Ironman, Frank Silvestrin se sentir solitário como o único representante brasileiro no Start List PRO, bastará olhar para o píer de Kona que terão mais 84 triatletas brazucas da categoria amadora torcendo por ele e, dentre estes, um em especial o conhece bem, seu primo Vinícius Silvestrin.
Já é algo raro ter um triatleta na família… mais ainda se este se classificar para o Ironman Havaí… Agora, dois triatletas primos e ambos classificados no mesmo ano para Kona… Histórico! Frank Silvestrin tem 37 anos e já um veterano no triathlon, com 20 anos de dedicação e muita estrada até conseguir a tão sonhada vaga. Vinícius tem 36 anos, mas pratica o triathlon há sete anos, tendo como referência o primo, que também é seu treinador. “Ele é e sempre foi minha referência dentro e fora do esporte. Tomo bastante esporro… principalmente quando tento das uma escapadinha do que ele me manda fazer. Ele é um exemplo de técnico, preocupado, dedicado e gosta de me colocar pra treinar. Sou privilegiado em poder estar na maioria dos dias treinando no vácuo dele!”, brinca Vinícius.
Ambos os primos conquistaram a tão sonhada vaga para Kona no Ironman Brasil deste ano, e de maneiras bem distintas. “Minha classificação para foi ao meu ponto de vista ‘épica’. Já vinha batendo na trave desde 2017, mas esse ano, 21 dias pré-Ironman Brasil, eu tive uma queda de skate num dia “off” e acabei fraturando o rádio, junto ao punho. Achei que estava tudo perdido e a maior missão era poder estar alinhado e tentar fazer a prova do jeito que dava. Acho que aí foi o grande detalhe, tirei a responsabilidade da vaga que já estava engasgada há anos, fiquei praticamente a prova inteira focado em não bater o braço na natação e na bike, e quando saí pra correr eu estava muito bem colocado e totalmente dentro das vagas. Foi um dia brilhante, pois recebi apoio de inúmeras pessoas até desconhecidas e isso me deu muita força para superar a dor e conseguir bater meu recorde pessoal e de quebra, obter a vaga para o Mundial”, nos contou Vinícius. Já Frank disse que a vaga estava em seu planejamento: “Eu já tinha feito um excelente ciclo para o Ironman Mar Del Plata, tão consistente quanto o de Floripa, então apenas dei continuidade, dando mais ênfase à minha recuperação e cuidando para não me lesionar. Quando todos estavam treinando grandes volumes, entre fevereiro e março, eu ainda estava construindo e me adaptando. Uma semana antes eu escrevi pro meu treinador que meu objetivo era chegar entre os três primeiros, e acertei!”
Vinícius tem como grande objetivo no esporte ser o melhor amador no Ironman Brasil e conseguir correr a maratona da prova abaixo das três horas. Já Frank tem metas que pode buscar em poucos dias, ser Top 10 no Mundial de Ironman. O que ambos os Silvestrin têm em comum resume-se em uma palavra: Dedicação! “Sempre fui competitivo. Resultados melhores não caem do céu. São fruto de determinação e paciência, degrau por degrau. Minha trajetória na longa distância deve-se muito à disciplina e ao trabalho feito nas provas curtas. Foram dez anos em provas curtas e olímpicas”, revela Frank; Vinícius, já lembra sua pesada rotina: “Conciliar tudo nunca foi tarefa fácil, minha área de atuação na fisioterapia sempre foi dentro de hospital, ‘doente crítico’, portanto, plantão de final de semana e feriados sempre foram dias úteis de trabalho. Hoje posso dizer que vivo um momento mais calmo no trabalho, mas já tive épocas de treinar o que dava, a hora que dava e como dava em função de trabalho, família, e tudo que envolve uma vida corrida.”
Quanto ao treinamento, Frank treina em média de 22 a 24 horas semanais, mais treinos funcionais, recovery e fisioterapia, mas sempre deixa um dia de off na semana, sem fazer nada. Vinícius treina natação quatro vezes por semana, ciclismo de três a quatro, e corrida quatro vezes na semana. O somatório de horas treinadas só chega 24 horas em raros momentos.
Vinícius reforça sobre o que representa estar no Havaí ao lado de seu primo e treinador. “O que gostaria de passar pra galera que está começando ou que já é um atleta competitivo e que está no caminho é que siga treinando duro, siga acreditando, siga sonhando. Nada é tão distante, basta focar… Em tudo na vida. É um esporte de consciência, de escadinha, de ano a ano treinando duro para chegar lá. Sonho bom é sonho vivido. Acredite sempre! É um sonho chegar em Kona, e com o Frank junto então, maior ainda. Os dois estreando juntos; ele com toda essa história linda, de anos de treino, uma pessoa simples que treinou a vida no quintal de casa, sem grandes holofotes e passando sempre para os seus atletas que é possível. Basta treinar duro, acreditar e ter consistência. Essa é a palavra que ele mais usa na vida conosco.”