Atletas e não-atletas precisam ler o rótulo dos alimentos e selecionar os produtos antes de adquiri-los para consumo
Por Roger de Moraes
O desenvolvimento das tecnologias na conservação dos alimentos permite que os mesmos fiquem por vários meses livres de microrganismos. Dentre os conservantes utilizados destacam-se o benzoato de sódio e o sorbato de potássio, esse ultimo presente em barrinhas tidas como “saudáveis" por seu maior percentual de proteínas e ausência da adição de sacarose.
Estudos in vitro e em roedores já indicaram o potencial cancerígeno de altas doses de sorbato de potássio que costuma ser utilizado em alimentos em doses menores e limitadas por sua ação antibacteriana e antifungicida. Ainda que tais microrganismos sejam discriminados pela maioria das pessoas, existem muitas evidências de que aqueles não patogênicos e adaptados à vida no sistema gastrointestinal humano, desempenham importantes papéis de modulação da secreção de hormônios, metabolismo energético e controle comportamental.
Não é preciso muito tempo para concluir que, o consumo de alimentos com sorbato de potássio, representa risco potencial de desregulação da microbiota, que é repleta de fungos e bactérias que secretam substâncias capazes de preservar a integridade da barreira intestinal e impedir o ingresso dos próprios microrganismos na circulação sistêmica.
Essa leve bacteremia é um fenômeno que pode ser observado durante o exercício prolongado e que pode ser agravado na medida em que o gel e as barrinhas consumidas possuem sorbato.
Atletas de endurance precisam se habituar a ler rótulos e selecionar alimentos que contribuam para saúde e melhorem o rendimento, e não ofereçam nutrientes combinados com compostos químicos que mesmo que não acumulem no organismo, precisarão ser por ele metabolizados ao longo de várias horas após o consumo. Para piorar, alimentos que combinam sorbato com aspartame potencializam a glicação não enzimática e contribuem para disfunções intestinais, vasculares e hepáticas.
Reforçando, atletas e não-atletas precisam ler o rótulo dos alimentos e selecionar os produtos antes de adquiri-los para consumo. É preciso esclarecer se o desconforto gástrico após o consumo de grande volume de gel durante o exercício prolongado, deve-se exclusivamente à ação da glicose ou se existe alguma participação do sorbato.
Roger de MoraesEx-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia GeralDoutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz