Trata-se de desafio extremamente exigente ao sistema cardiovascular e com ampla mobilização de fibras musculares do tipo II
Por Roger de Moraes
O recorde mundial dos 800m de corrida em pista encontra-se próximo de 1min e 40 segundos. A mesma marca para os 4Km de ciclismo em pista situa-se em torno de 4min. O melhor tempo do mundo nos 200m nado livre é de cerca de 1min e 42 segundos. O que todas essas modalidades tem em comum é o fato de sobrecarregarem ambas as divisões do metabolismo aeróbico e anaeróbico.
Nos casos citados, para o esforço na corrida e na natação, a contribuição da divisão anaeróbica pode chegar a 40%, e no ciclismo, até 25%. E se combinarmos as 3 modalidades na sequência de um triathlon? Isso tem sido feito em competições mais curtas, como a Super League Triathlon, que muitas vezes repetem 2 ou mais sequências de 200m de natação, 4Km de ciclismo e 1Km de corrida. A menor distância desse triatlhon não deve ser confundida com qualquer pseudo facilidade. Trata-se de desafio extremamente exigente ao sistema cardiovascular e com ampla mobilização de fibras musculares do tipo II cuja função contrátil envolve o metabolismo anaeróbico lático.
Esse novo formato de evento, promete selecionar atletas naturalmente potentes que no futuro poderão se dedicar às distâncias mais longas dos triathlons Olímpico e Ironman. Os tempos da elite europeia situam-se em torno de 2min para os 200m de natação, 5min para os 4Km de ciclismo e 2min e 30 para os 1Km de corrida que totalizam pouco mais de 10min por round com transições. Se repetido 3 vezes, determinariam evento com um pouco mais de 30min de duração e alta exigência cardiovascular e metabólica. Um tipo de triathlon exclusivo para a elite do esporte que teria a oportunidade de desenvolver a potência em disputas eletrizantes possíveis de serem assistidas pelos fãs. A nova modalidade, aprovada pela World Triathlon, não ameaça outras tradicionais. Ao contrário, como sugerido, soma-se às demais para popularizar ainda mais o triathlon.
Roger de Moraes
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz
@demoraesroger