As influências do sistema visceral na performance esportiva

No triatlhon, devido à própria sobrecarga dos treinamentos e competições, o corpo precisa estar o mais equilibrado possível

Por Guilherme Guida

Você sabia que o sistema visceral tem uma dinâmica de mobilidade e com todas suas ligações interage com corpo todo? Ele sofre influências do sistema nervoso autônomo, é interligados por fáscias e qualquer disfunção como restrições de mobilidade, alterações das informações nervosas ou sanguíneas, podem causar estímulos nocivos e por repostas do próprio corpo, acontecem adaptações para manter o seu funcionamento que assim acaba sobrecarregando estruturas e gerando sintomas de dor.

O sistema vascular precisa da dinâmica visceral, movimento, pois é essencial para vascularização do corpo, principalmente o retorno venoso e caso esteja afetado terá seu funcionamento prejudicado. Quando estes caminhos estão alterados e a dinâmica do sistema visceral afetada podem acontecer sintomas como: Inflamações, mau funcionamento do órgão, problemas estruturais e metabólicos.

Vários outros distúrbios podem ocorrer pelo desequilíbrio do sistema visceral como: dor na coluna, dor pélvica, cefaléias, enxaquecas, alterações dos sistema gastrointestinal, alterações digestivas, refluxo, azia, náusea, constipações, diarréias, dores menstruais etc. Alguns exemplos dessas conexões e dores que possam surgir:

– Intestino: As “viroses”, infecções alimentares, e principalmente a constipação podem alterar a mobilidade da víscera, o órgão pode estar congesto, “pesado”, cheio de sangue, além das aderências faz com que exista uma diminuição em toda dinâmica visceral, como elas são interligadas por fáscias (tecido conjuntivo) que transmitem essa tensão para as estruturas conectadas a elas, modificam a mecânica do corpo, nesse caso a relação com o quadril por sua anatomia e inervação, podendo gerar uma sobrecarga nos movimentos do quadril devido ao corpo ter que se adaptar, alterando sua “postura” para tentar manter um bom funcionamento. A sua inervação vem da coluna lombar e por reflexo neurofisiológico pode mandar informações para o cérebro o qual pode responder com informações de dores na região.

– Fígado: Restrições de mobilidade e funcionamento como colesterol elevado onde sua bioquímica e biomecânica são alteradas, quem pode sofrer é o diafragma e até a respiração, devido suas conexões ligamentares assim alterando a mecânica da coluna torácica sobrecarregando a região, sua inervação vem da região torácica podendo dar dor reflexa Inter escapulares e por conta da suas conexões nervosas dor em ombro e trapézio direito e muitas vezes parestesias em braços e mãos, inclusive dores de cabeça.

– Estômago: Alterações como gastrite, azias, refluxos e má digestão podem ser ou gerar disfunções na dinâmica visceral o qual tem conexão direita com diafragma por ligamentos, assim podendo gerar dores torácicas pela sobrecarga mecânica e dores em trapézio e ombro esquerdo pelo sistema nervoso via reflexo neurofisiológico.

– Útero/Ovários: Muito comum desequilíbrios hormonais ou restrições na dinâmica visceral do útero e ovário, como um ovário policístico, podem dar dores reflexas pélvicas e lombares, principalmente no período do ciclo menstrual, pela alteração neurológica e sobrecarga mecânica pelas ligações com quadril, sacro, púbis, e lombar pelos ligamentos do ovário, devido as respostas do corpo na tentativa de manter seu funcionamento.

Os casos onde há dor no sistema musculoesquelético e já foi feito algum tipo de tratamento sem resultados, dores que vão e voltam, dores sem uma localização especifica, dores após a refeição ou noturnas, e quando se faz algum exame complementar e não existe disfunção, muitas das vezes a causa do problema pode não estar ali e sim em algum lugar que tenha relação com o local de dor, seja estruturalmente pela ligação anatômica ou pelo sistema nervoso autônomo.

No triatlhon, devido à própria sobrecarga dos treinamentos e competições o corpo precisa estar o mais equilibrado e dinâmico possível, sua fisiologia e biomecânica precisam estar no seu 100% de aproveitamento, alterações na estrutura por disfunções musculares e articulares, alterações no sistema visceral por má alimentação, excesso de suplementação, hidratação, alterações do sistema nervoso por reflexo do corpo modificando toda estrutura corporal para o corpo conseguir desenvolver suas atividades, diminui a performance do atleta por ele ter que gastar mais energia que o necessário para desenvolver as modalidades do esporte, e não tem o melhor aproveitamento dos alimentos devido as alterações metabólicas.

Muitas vezes alterações em força muscular, diferenças de força de um membro para o outro, fadiga precoce, e alteração da freqüência cardíaca, deixando o atleta com uma baixa reserva autonômica e fazendo com que o rendimento e recuperação seja menor do que é capaz.

Treino equilibrado, nutrição direcionada, recuperação incluindo sono e trabalhos preventivos são de extrema importância para os atletas tamanha sobrecarga e volume de treino, o corpo para ter um desenvolvimento saudável e um ótimo rendimento precisa estar em suas melhores condições possíveis.

Guilherme Guida é fisioterapeuta e triatleta. @gfguida e @cfsergipe

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