Estudos da década de 90 foram os primeiros a sugerir que o consumo de cafeína poderia afetar negativamente o rendimento
Por Roger de Moraes
A redução dos níveis de energia em fibras do tipo I eleva a concentração intracelular de ADP e a síntese de adenosina, molécula capaz de induzir vasodilatação de arteríolas da microcirculação e incrementar a oferta de oxigênio e nutrientes durante o exercício.
Estudos da década de 90 foram os primeiros a sugerir que o consumo de cafeína poderia afetar negativamente o rendimento e ainda aumentar o risco de infarto agudo do miocárdio em certos indivíduos. Tal hipótese decorre do fato da 1,3,7 trimetilxantina presente no café ser capaz de bloquear os receptores de adenosina, e apesar dos conhecidos efeitos sobre o sistema nervoso central aonde verifica-se aumentos da atenção e da volição, poderia coexistir ação vasoconstritora coronariana e de leitos responsáveis pela distribuição de sangue para os músculos ativos durante o exercício.
Embora tal efeito não seja observado em todos atletas, aqueles incapazes de metabolizar a cafeína em ritmo adequado permaneceriam mais tempo expostos à ação desta molécula e, portanto, sujeitos a efeitos colaterais associados à sua excessiva utilização diária.
Estudo recente realizado com mais de 100 ciclistas demonstrou que o consumo de 4mg.Kg de cafeína melhorava o rendimento do contra-relógio somente naqueles homozigotos para o alelo A que a metabolizavam mais rapidamente. Apesar dos efeitos ergogênicos evidenciados em certos grupos no retardo da fadiga, estímulo da lipólise e liberação de íons cálcio na fibra muscular, estudos epidemiológicos são inconclusivos a respeito do impacto da cafeína em homozigotos do alelo C. Embora metabolizem a cafeína mais lentamente e os efeitos sobre os receptores de adenosina sejam mais prolongados, mais estudos ainda são necessários para elucidar a questão.
Roger de Moraes – @demoraesroger
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz