É comum durante as provas de endurance, como corrida e triathlon, atletas realizarem bochecho de água ao invés da ingestão
Por Gustavo Monnerat e Dailson Paulucio
Como sabemos o carboidrato (CHO) tem um papel importante para o desempenho aeróbico. No entanto, o efeito desse açúcar não está ligado somente a oferta de energia, o estímulo sensorial através do paladar também leva a efeitos fisiológicos.
Em nosso estudo examinamos os efeitos do enxágue bucal com uma solução de CHO no tempo de execução até a exaustão durante a corrida a 85% do VO2max. Os indivíduos receberam uma solução de 8% de CHO ou um placebo a cada 15 minutos para enxaguar a boca ou para ingerir (de forma cega e randomizada).
Os achados são surpreendentes! Tanto que ingeriram como os que fizeram somente o enxágue percorreram uma distância maior do que o grupo placebo, 35,0% e 32,7% respectivamente.
Os mecanismos que podem explicar a relação do bochecho de carboidratos com o desempenho de endurance é sua ação no sistema nervoso central (SNC). Foi observado previamente que a presença de CHO na cavidade oral altera a atividade do SNC em regiões de integração sensorio-motora e controle motor, influenciando o desempenho físico.
É comum durante as provas de endurance, como corrida e triathlon, atletas realizarem bochecho de água ao invés da ingestão, sendo uma alternativa para a performance durante o treino/prova. Isso pode ser especialmente interessante para indivíduos com dietas restritivas e também muito utilizada em religiosos que seguem o calendário islâmico, por exemplo.
Gustavo Monnerat é PhD em Fisiologia UFRJ/Bonn Universität (@gustavomonneratphd) e Dailson Paulucio é Doutorando em Fisiologia do Exercício UFRJ (@dailsonpaulucio).