Cris Solak e a evolução do treinamento desportivo

Treinador e atleta vencedor, Solak conta sua trajetória, rotina e trabalho no Peaks Coaching Group Brasil

Como chegou ao triathlon? Como foi sua vida esportiva até conhecer esse esporte?
CS: Quando jovem, pratiquei um pouco de alguns esportes. A bike entrou de vez na vida quando morei nos EUA em 1993, onde fiz o último ano de escola. Nesse ano, comprei uma bike e, desde então, muitas das minhas tardes eram por estradas do interior de Michigan. Mais ou menos nessa época, comecei a ver reportagens sobre o o Ironman do Hawaii… e assim, fui mais um que entrou para as estatísticas dos iniciados no esporte através do encanto pelo Iron.

Qual foi sua primeira prova de triathlon e que recordações traz dela?
CS:
Minha primeira prova de triathlon foi no Paraná, em 1995. Na verdade, lembro do ano mas não lembro exatamente qual foi a prova, pois a partir dali, competi sem parar. Naquela época, morando em Curitiba, era normal participar de todas as provas possíveis. Qualquer coisa no Paraná, Santa Catarina e Circuito do Trofeu Brasil, pode ter certeza que estaria lá. Incrível a diferença daquela época em relação às competições. Competíamos muito. Muitas vezes, mais de 10 competições no ano.

Quais as provas que guarda as melhores lembranças e por quê?
CS:
Por incrível que pareça, tenho as melhores lembranças em provas curtas e com vácuo. Sempre gostei da dinâmica e do jogo “psicológico” das provas com vácuo. No entanto, tive bastante sucesso nas provas de IM 70.3. Tive bons resultados por alguns anos.

Como é sua logística no dia a dia?
CS:
Correria total. Tenho 3 filhos (6, 4 e 2 anos), o que é “autoexplicativo”….rs! Grande parte do tempo é no computador e telefone, organizando as planilhas e analisando arquivos de treino. A Peaks está presente em 21 estados e temos muito para organizar diariamente. Em relação ao esporte, sempre me mantenho ativo. Consigo treinar por anos e anos sem ter nenhuma competição à vista. Sempre me mantém equilibrado.

Como foi a sua formação?
CS
: Sou formado em Educação Física pela UFPR e tenho mestrado pela Universidade de Queensland e Instituto Australiano do Esporte (AUS). Foram dois anos por lá. Uma época que o triathlon mundial era bem presente no país. Além de estudar, trabalhei como técnico assistente em uma grande equipe, com alguns representantes da seleção australiana. Inclusive, gente que virou “superstar” e campeã do Ironman Hawaii. Foi uma bela época de aprendizagem.

Cris Solak na Casa Specialized

Como funciona sua Assessoria Esportiva?
CS:
Desde a criação da Peaks Brasil, nos tornamos líderes e referência no treinamento online. As ferramentas atuais nos permitem estar longe, mas “presentes” no dia a dia do atleta. Hoje, mesmo estando em cidade diferente, consigo saber tudo que aconteceu em um treino (hora que treinou, temperatura, ritmo, FC etc). Temos a missão de estarmos sempre na ponta do desenvolvimento e evoluindo para proporcionar o melhor serviço possível.

A Peaks (Peaks Coaching Group) é uma assessoria criada por Hunter Allen. Ele, um dos maiores treinadores de ciclismo do mundo é também um dos responsáveis pelo desenvolvimento da metodologia do treinamento com medidores de potência. Em 2010 conheci o Hunter em um curso que ele ministra pela USA Cycling. Pouco tempo depois, ele me convidou para fazer parte do time de técnicos da empresa. Hunter foi um dos envolvidos no desenvolvimento da plataforma Training Peaks (O nome “Peaks” nas duas empresas não é mera coincidência, embora hoje, Hunter já tenha vendido sua parte do TP e deixamos de ter vínculo com a plataforma. Grande parte do módulo I do nosso curso é voltada ao uso do Training Peaks. Uma ferramenta que mudou a forma de trabalho dos técnicos. Com mais de 10 anos de experiência com a plataforma, procuro passar uma visão onde as pessoas consigam diferenciar entre ciência e negócios (afinal, o TP é uma empresa com o objetivo de vender um produto).

O grande diferencial da Peaks é nossa metodologia. Hunter organiza cursos e palestras ao redor do mundo há mais de 15 anos. Aqui no Brasil, criamos um curso de certificação que está em constante ajuste e progresso. No ano de 2019, tivemos cinco turmas, com um total de 170 técnicos participantes. Com a pandemia, criamos um formato de curso online, com 2 módulos (abrindo as inscrições não apenas para profissionais da área como também para qualquer interessado no assunto) onde o principal objetivo é apresentar de forma prática e objetiva o treinamento e a fisiologia do exercício aliados às ferramentas atuais. No modulo II, exploramos bastante o WKO5 (uma mega ferramenta de análise de treinos) e como otimizar e individualizar o treinamento, de forma a facilitar a evolução do atleta.

O treinamento com potência no ciclismo já é uma realidade. Como enxerga isso, uma revolução? E na corrida?
CS:
O que era novidade 6-8 anos atrás, já virou padrão. Os medidores de potência mudaram completamente a forma de ler e prescrever o treinamento. De forma simples, é levar o laboratório para a estrada. Testes e análises, que antes só conseguíamos com sofisticados equipamentos e estrutura, podem ser replicados (pelo menos parcialmente) no dia a dia, com sua bike. Os medidores encurtaram a curva de aprendizagem. O processo de tentativa e erro está bem menos doloroso. Nos últimos anos, também tivemos a introdução dos medidores de potência para corrida. Com certeza o impacto na corrida não foi o mesmo que aconteceu no ciclismo.

Que dicas pode dar para alguém que vai iniciar no triathlon?
CS: A maior dica é paciência e consistência. Paciência, pois as pessoas esperam ganhos rápidos. Criam expectativas enormes e, às vezes, se frustam com rapidez. Pensam que estão no esporte errado. Muitos começam e, com 1-2 anos de triathlon, se comparam com atletas que estão “na estrada” por mais de 15 anos. O corpo demora para se adaptar. Mesmo as lesões, iniciais, um dia passam. O mais importante é ter consistência dia após dia. Se fizer isso, o resultado aparece. Have fun!

Cris Solak, CEO Peaks Brasil e Hunter Allen, CEO Peaks Coanching Group

Redação

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