Junto com Carlos Moraes, Rafael “Palito” Cruz é um dos treinadores de Igor Amorelli. Parceiro nas glórias e frustrações, ele conta neste bate-papo um pouco de sua história e de como trabalha com um dos maiores triatletas brasileiros.
Como chegou ao triathlon e à função de treinador?
Iniciei na Unimonte (uma Universidade de Santos) tentando aprender a nadar com 15 anos (acho que não aprendi até hoje…), e fui fazer aulas a convite de um colega. A Unimonte respirava triathlon e tinha a melhor equipe do Brasil; logo iniciei no biathlon e triathlon. No meu segundo ano de triathlon ganhei bolsa de estudo no ensino médio e posteriormente na faculdade de Educação Física. Continuei treinando com o sonho de ser atleta profissional e cursando a faculdade durante uns dois anos, até o dia que meu técnico de natação Ricardo Cintra, me chamou para uma conversa e foi bem sincero ‘’cara você é muito esforçado, porém não tem talento algum e vai demorar muito para ter um resultado mediano, você quer investir nisso para sua vida?”
Realmente já estava pensando no triathlon de outra forma e aquela conversa serviu para me motivar e iniciar os estágios com o mesmo. A partir dali foi naturalmente acontecendo as coisas e fiquei estagiando alguns anos com ele até assumir o comando da natação dos triatletas profissionais de Santos.
Quando começou a treinar o Igor?
Me mudei para Balneário Camboriú (SC) em 2011 para trabalhar com a Fundação Municipal de Esportes /Trial. O primeiro convite na verdade foi para ficar alguns dias treinando o triatleta Fábio Carvalho. Iniciei o trabalho com o Igor treinando somente a natação, e o técnico Carlos Moraes que comandava a bike e corrida. Depois de um ano fazendo esse trabalho eu e Carlos Moraes iniciamos a equipe CPH dividindo a responsabilidade sobre toda estruturação, planejamento e treinamento em campo do Igor. Esse trabalho em conjunto está dando muito certo pois temos muita afinidade fora do trabalho e muito respeito pelo trabalho e ideia do outro.
Como tem sido esta experiência de treiná-lo?
Esses anos treinando o Igor têm sido uma ótima experiência, cada ano estamos aprendendo mais e olhando as provas do Circuito com outros olhos. O bom de tudo que vem acontecendo é que estamos crescendo junto e cada ano sinto que estamos sempre evoluindo mentalmente.
Qual o momento mais difícil que já passaram?
Não considero um mal momento, mas se tiver que escolher um, seria o período dos Mundiais de 70.3 e Ironman do ano passado. Tentamos acertar uma programação longe de Balneário Camboriú e no fim o resultado não veio, porém não considero um momento ruim, pois sempre se tira boas lições.
Qual o melhor momento que já passaram?
O melhor momento não sei se escolho a vitória no Ironman Florianópolis 2014 ou o tempo sub 8 horas desse ano. Como prova, sem dúvida, esse ano foi a melhor performance, porém a vitória no IM 2014 foi muito marcante por ser o primeiro brasileiro a vencer em casa, com a presença todos os familiares, amigos e atletas juntos para comemorar. No fim de tudo é isso que realmente vale.
Como foi o treinamento dele este ano visando o Mundial no Havaí?
A preparação para Kona não mudou do Ironman Florianópolis, estamos mantendo nossa filosofia e tudo que acreditamos.
O que espera do dia 10 de outubro?
Com o tempo aprendemos que não se pode criar toda expectativa em uma só prova como se fosse a última, o atleta tem que buscar a evolução constante e treinar para ser competitivo nas provas de alto nível como esse mundial, estamos nesse caminho buscando evolução, se continuar evoluindo sempre estaremos mais próximo de bons resultados.