É válido alterar o padrão de aterrissagem durante a corrida?

Alterar o padrão de aterrissagem durante a corrida pode melhorar o desempenho e reduzir o risco de lesões?

Por José Rubens Zambelli

Por vezes, muitos triatletas chegam à clínica com questionamentos, como: se eu alterar meu tipo de pisada posso melhorar o desempenho na corrida e consequentemente, reduzir o risco de lesões?

Antes de tudo devemos construir um raciocínio para qualquer tipo de alteração biomecânica, partindo do básico e entendermos quais são os tipos de pisada:

– Retropé (o corredor entra em contato no chão com o calcanhar);
– Médiopé (o contato inicial com o solo é através das cabeças do metatarso, ou seja, meio do pé);
– Antepé (o contato inicial também está nas cabeças do metatarso, mas o calcanhar nunca toca o chão);

Alguns pesquisadores defendem a ideia que modificar a pisada de Retropé para Médio/Antepé pode contribuir para a economia de energia, a redução de impacto, a redução do risco de lesões e a melhora da velocidade na corrida.

Mas e agora? Modificamos ou não o tipo de pisada para melhorar o desempenho na corrida?

São poucas as evidências de que modificar o padrão de aterrissagem pode contribuir para eficácia no desempenho da corrida e na redução de lesões. E os estudos ainda são inconclusivos, ou seja, apresentam muitas hipóteses e discussões, mas não apresentam conclusões certeiras de acurácia. Recentemente, mais específico em 2019, foi publicado um estudo que os autores avaliaram os benefícios e os riscos associados à alteração do padrão de pisada durante a corrida. E os pesquisadores evidenciaram que a relação entre o padrão de aterrissagem e o risco de lesão não pode ser determinada, pois as evidências atuais se limitam a achados retrospectivos (dados avaliados no passado até o presente).

Na realidade não importa como você aterrissa, se é Retroré ou Médiopé/Antepé. O que é interessante é o tamanho da sua passada, o quanto você aterrissa próximo ao seu corpo e o quanto você consegue se impulsionar para frente. Para isso, é necessário um bom controle de cadência, uma boa extensão de quadril e uma qualidade de movimento no complexo propulsor (glúteo máximo, quadríceps e panturrilhas).

Mas tenha cuidado, o aumento de cadência não é tudo. Podemos utilizar o aumento da cadência para aproximar a aterrissagem em relação ao corpo e diminuir a oscilação vertical, promovendo benefícios, como a redução do impacto nas articulações. Ao mesmo tempo, temos que ter cuidado, pois, em alguns casos, esse ajuste pode aumentar consumo de oxigênio, modificar padrões de pisada e aumentar ativação de músculos específicos, o que influenciará negativamente na corrida.

Tendo em vista os aspectos analisados, concluo que não interessa a maneira que você pisa no chão, o importante é controlar sua aterrissagem próximo ao corpo, ter uma boa absorção de impacto e extensão de quadril e uma qualidade no complexo propulsor na corrida. Essas variáveis Biomecânicas promovem melhora no seu desempenho, aumentam sua velocidade e podem contribuir para reduzir o risco de lesões. Contudo, essas alterações devem ser controladas e analisadas pelo seu Fisioterapeuta e seu Treinador.

José Rubens Zambelli, Fisioterapeuta do Instituto Biomech. @zerubenszambelli
zambellirubens83@gmail.com

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