Cali Amaral foi um dos principais treinadores de triathlon no Brasil há alguns anos, orientando os maiores nomes do esporte nacional em parceria com o renomado técnico internacional, Brett Sutton. Depois de um período afastado do esporte, ele retorna, num novo centro de treinamento, mas com seu “velho” parceiro, Sutton. Conheça um pouco da história e dos projetos de um dos mais vitoriosos técnicos do triathlon brasileiro:
Quais suas principais conquistas como treinador?
Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg; dois títulos na ITU World Cup (quando ainda não era World Series) com Carla Moreno; medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara; um título da ITU World Cup com Reinaldo Colucci; a maior premiação do triathlon brasileiro conquistada em uma prova de triathlon, pela triatleta Mariana Ohata em Des Moines (USA); classificação de triatletas para os quatro Jogos Olímpicos: Sydney/2000, Atenas/2004, Pequim/2008 e Londres/2012 e diversos títulos na categoria Profissional do Troféu Brasil, Internacional de Santos, Brasileiros, Circuito Sesc, Long Distance, Sul-Americanos e Pan-Americanos de Triathlon. Por final, a criação do Projeto Social Damha Triathlon Kids e da Equipe SESI de Triathlon em São Carlos (SP).
Este período fora e a volta agora já estava programada? Sentiu falta deste trabalho?
Sem dúvida que senti falta. Creio que todo profissional que por muitos anos investe na profissão, precisa de um período “sabático”. Vim da natação e logo em seguida fui para o triathlon, não tinha férias, casamento, aniversário de filho, funeral etc. Conquistar todos aqueles títulos, vivendo e morando no interior de São Paulo, onde triathlon era “Teatro”, não foi uma tarefa fácil.
Hoje, vejo que foi bom para minha vida pessoal e como técnico, esta parada. Pude fazer uma auto-avaliação da minha profissão, dos triatletas que estiveram comigo, dos meus acertos e erros, um breve exemplo: na minha ânsia de fazer todos triatletas em Olímpicos, perdi bons triatletas em Ironman. Em 2007, participei de uma prova na Coreia do Sul e levei cinco triatletas que estavámos treinando nas Filipinas: Reinaldo Colucci, Mariana Ohata, Nicola Spirig, Reto Hug e a Chrissie Wellington; nesta prova a Chrissie foi a última a chegar, quase tomou uma volta, ninguém foi falar com ela, ninguém foi tirar foto com ela, não era a prova dela! Só que depois de um mês ela estava sendo campeã do Ironman Havaí e virou fenômeno. Triatleta certa para a prova errada! Neste caso especifico foi um estratégia do Brett Sutton para levá-la mentalmente a outro patamar, ele sabia que esta prova não era para ela, queria apenas colocá-la numa posição de superação e garra para vencer.
Como é sua ligação com Brett Sutton e como se dará esta parceria?
Meu trabalho com o Brett Sutton começou em 2001 no Campeonato Mundial de Triathlon, no Canadá. Desde então realizamos vários Camps no Brasil, Suíça, Filipinas e Coreia. Devo muito ao Brett Sutton, que ajudou-me no conhecimento técnico, profissional até financeiramente. Hoje ele tem uma das melhores equipe de “Head Coaches” espalhados pelo mundo: Suíça, Espanha, Alemanha, Canadá, USA, Coreia, Inglaterra, Guatemala, México, Austrália, entre as quais eu represento no Brasil e Portugal.
Temos o compromisso maior com a qualidade e desenvolvimento dos nossos triatletas profissionais e amadores presenciais e on-line. Nossos “Camps” servirão de base para os treinamentos, assim como para os triatletas que fizerem parte da metodologia Trisutto.com Exemplo: Temos provas em diversos locais ao redor do mundo, nossos triatletas poderão ser acolhidos nos diversos Camps que integram o grupo trisutto.com. Vamos continuar recebendo triatletas de várias partes do mundo e levando os nossos. Não tenho dúvidas que este intercâmbio que iniciamos no passado, vai continuar proporcionando crescimento técnico e profissional a todos.
Você irá trabalhar com amadores e profissionais? Terá um Centro ou será basicamente on-line?
Sim! vou trabalhar com os profissionais, amadores presenciais e on-line, além de uma Escola de triathlon no Bauru Tênis Clube (SP) e futuramente o um projeto social. O Bauru Tênis Clube é um excelente clube; com mais de 80 anos, que já sediou no passado uma etapa da Copa Davis de Tênis, com infraestrutura de primeiro mundo, piscina aquecida com oito raias, pista de 400 mts, academia, saunas, bosque para corrida, excelente material humano a ser trabalhado, restaurante e ótimos locais para o ciclismo. Quanto aos profissionais que irão trabalhar comigo, estarei selecionando e preparando-os tecnicamente.
Quanto aos treinamentos on-line Premium serão feito por mim e terão meu contato full-time para auxiliá-los nas estratégias de pré e pós-provas, alimentação e duvidas gerais. Poderão usufruir de treinos presenciais e uma vez combinado, poderão receber-me para um acompanhamento personalizado e avaliação técnica do nível que se encontra, e da infraestrutura que treinam. Todos os triatletas vão ter suas fotos no site Trisutto.com e os resultados conquistados relatados no blog, juntamente com o melhores do mundo.
Qual sua visão sobre esta nova fase de seu trabalho?
Eu só tenho uma visão positiva para esta minha parceria novamente estabelecida com o Brett Sutton. Não tenho a mínima intenção de “roubar” triatleta de ninguém, nunca precisei disto, pelo contrário, vou trabalhar com assessorias que seus proprietários foram e/ou são triatletas. Minha meta vai de encontro com o desejo de todos, seja, Federação Paulista de Triathlon e outras federações, CBTRI, Assessorias Esportivas. Todos nós sonhamos em ver o Brasil ocupando os lugares mais altos do pódio, formando grande nomes para o triathlon nacional e internacional, sendo considerado a nação do triathlon mundial, tal como já foi a Austrália, e hoje é a Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, entre outros. Quem tem 10 triatletas hoje entre amador e profissional vai ter 100 no futuro e assim por diante.
Não podemos ter uma mentalidade medíocre de achar que só um profissional tem o conhecimento da verdade, achar que o fato de haver mais opções, iremos perder nosso ganha pão. Isto demonstra egoísmo, insegurança e incapacidade profissional de crescer e produzir grande frutos para o Brasil. Se todos buscarem melhorar, sendo disciplinados, não tenho dúvida, seremos uma das grandes potência no triathlon mundial em breve.