Entrevista: Colucci fala sobre sua recuperação

Reinaldo Colucci, prestes a fazer 34 anos, é um dos maiores nomes do triathlon nacional e tem como foco a classificação para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020. No caminho, alguns “pinos”, mas que, como ele expõe nessa entrevista, não serão obstáculo para a conquista de seu objetivo.

Como está recuperação do acidente de bike ocorrido no final da etapa de ciclismo da WTS Edmonton? O que já consegue treinar?
Eu tive algumas fraturas no radio, na extremidade do punho e também uma fratura no osso escafoide da mão; fiz a cirurgia três dias após o acidente, quando retornei ao Brasil, na qual foram implantados 8 pinos e uma placa para fixação das fraturas. Nesse momento, após oito semanas da cirurgia, já consigo praticamente realizar uma rotina “normal “ de treinos, fazendo todas as modalidades, mas ainda com algumas limitações com relação a intensidades e descarga de peso sobre a mão, pois o osso escafoide possui um tempo mais prolongado de consolidação.

Ainda dá tempo de conseguir os pontos necessários para as Olimpíadas de Tóquio 2020? Já visualizou a programação de provas para isso?
Apesar de ter ficado de fora de algumas provas importantes nesses últimos dois meses por causa do acidente, eu ainda tenho a chance de fazer mais duas World Cups nesse ano, no mês de novembro, que serão em Lima, no Equador e Santo Domingo, na Republica Dominicana. Para o ano que vem, até a data que se encerra a classificação haverá mais seis competições. Dessa forma ainda tenho a possibilidade de largar oito provas nesse período final, sendo que posso utilizar apenas os sete melhores resultados. Resumindo, existem provas suficientes para buscar os pontos no ranking que me faltam, agora meu foco deve ser apenas me colocar em condições de brigar pelas posições necessárias em cada um dessa provas.

Para largar ano que vem numa WTS você tem que passar novamente pelo processo de pegar pontuação em World Cups e aí sim, alinhar numa prova que ofereça mais pontos?
Sim, estarei fazendo as contas e caso seja necessário terei que largar algumas provas regionais para conquistar alguns pontos no ITU list e assim largar todas as provas.

Você ja tem quase 34 anos e é profissional de triathlon desde 2002, uma idade boa e grande experiência para as longas distâncias. O Mundial de Ironman volta a ser o foco após Tóquio 2020?
Sem dúvida, depois de Tóquio, meus planos são buscar novos desafios em provas de longa distância.

Como diferencia as duas experiências que já teve no Mundial de Ironman?
Na primeira vez que fui a Kona, em 2009, eu acredito que estava melhor preparado para a competição, principalmente por estar largando mais provas na distância Ironman antes do evento, tanto que meu resultado foi melhor, 21° lugar. Em 2018, acabei por me desgastar bastante durante a temporada e não consegui chegar tão forte como gostaria na competição, foi um dia bastante duro pra mim, mas sem dúvida com um grande aprendizado para o futuro.

O que achou da volta do sistema antigo de classificação para Kona, sem um ranking mundial?
Acredito que os dois sistemas têm o lado positivo e negativo, talvez o mais justo seria encontrar um meio termo entre os dois sistemas, onde os vencedores de Ironman se classificam direto e as demais vagas são distribuídas por um ranking.

Nas provas de Ironman 70.3, já não é de hoje, vemos o sucesso dos atletas que ainda participam ativamente do Circuito da ITU. Você muda muito do seu treino de uma distância para outra (no caso, de olímpico para um Meio Iron) quando vai competir?
Não muito, na verdade qualquer atleta de ITU acaba por fazer treinos mais longos que atingem as distâncias de um 70.3. No meu caso, o que acabo mudando é apenas aumentar um pouco a frequência semanal desses treinos mais longos.

Acha determinante o treinamento em altitude, ou pelo menos passar ciclos de treinos em altitude?
Meu corpo responde muito bem a treinamentos em altitude, sempre que passo um período nas montanhas volto mais forte e por isso sempre busco fazer pelo menos um período no ano em altitude.

Com quem treina atualmente e como divide sua semana?
Eu tenho o privilégio de ter dois treinadores muito competentes me ajudando, o Eduardo Braz, que também é treinador da equipe Sesi-SP e meu treinador de longa data, Brett Sutton, que mesmo à distância participa de forma ativa da minha rotina de treinos

E agora, Professor de Educação Física Reinaldo Colucci, quais os planos para exercer a profissão?
Esse agora passará ser um novo desafio para mim, buscar transmitir aos demais atletas tudo o que venho vivenciando nesses quase 20 anos como atleta profissional de nível Internacional. Tenho a filosofia que o esporte é para todos, independente do nível competitivo, o importante é cada saber fazer o seu melhor dentro daquilo que se propõe a fazer e acima de tudo ser feliz com o processo de treinar e evoluir. Gostaria de agradecer todos que estão ao meu lado, esses últimos meses poderiam ter sido bem mais difíceis do que foram, porém o apoio da minha família, amigos e patrocinadores, não permitiu que em nenhum momento eu me colocasse para baixo e sim sempre buscasse pensar no que tenho ainda a conquistar, a todos vocês meu sincero obrigado!

BIO
Nome: Reinaldo Colucci
Idade: Faz 34 anos no dia 29/10
Altura: 1.90m
Peso: 72kg
Roupa de borracha: Aqua Sphere Phanton
Óculos de natação: Aqua Sphere MP Exceed
Bike: S-Works Shiv (provas longas) e Specialized Venge Pro Disc (provas curtas)
Capacete: Evade e S-Works TT
Sapatilha: S-Works 7 e Specialized Trivent (provas curtas)
Tênis de corrida treino: Asics RoadHawk
Tênis de corrida competição: Asics Tartherzeal
Óculos de sol: Oakley EvZero Stride
Equipe: SESI SP Esporte
Patrocínio: Ohata Sports Training, Shimano Road e Specialized, Conferação Brasileira de Triathlon.
Apoio: Aqua Sphere Brasil e Oakley Brasil.
Atleta contemplado pelo programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte do Brasil

 

Redação

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