Entrevista com Felipe Manente, Top 10 no Ironman Wales (GBR)!

Felipe Manente foi 8º colocado no Ironman Wales, na Grã-Bretanha. Um belo Top 10 para o triatleta que tem focado seus esforços nas longas distâncias. Confira o “Jogo rápido” que fizemos com ele:

Como foi a prova? O seu clip quebrou no ciclismo, como foi isso?

Eu estava bem nervoso, mas era um nervosismo bom. Primeiro por competir fora do Brasil, segundo por saber que tinham muitos atletas excelentes ciclistas, mas estava confiante. Dessa vez eu aqueci bastante, a água estava bem fria (14ºc) e me posicionei junto ao grande grupo, normalmente perco logo na largada. E ali fiquei, com certa facilidade até. O mar estava bem mexido, mas eu já sabia que seria assim. Eu vinha bem, saí da natação em quinto, junto com o grupo perseguidor e relativamente perto dos líderes. Tínhamos uma corrida de 1.6km aproximadamente da natação até a T1 (inclusive tinha uma sacola especialmente com um tênis pra essa corrida). Estava me sentindo bem e sabia que seria um bom dia. Como estava bem frio, vesti manguitos, jaqueta corta-vento e luva fechada nos dedos, e foi uma ótima escolha, pois chovia bastante no início do ciclismo, o que acabou deixando as descidas e curvas técnicas algo bem perigoso. O percurso consistia em uma volta de 110km e outra de 70km aproximadamente. No fim da primeira volta aconteceu a quebra.

Na hora da quebra do clip, como trabalhou sua cabeça para se manter focado?

No km 102 eu descia clipado e não consegui desviar de um bueiro, meu pad desceu totalmente e ficou de lado, mas dava pra apoiar sem fazer força. No km 108 o pad ficou totalmente pra baixo e o clip soltou, aí ficou bem difícil de baixar na frente. Eu parei a bike e pensei em desistir, não estava acreditando que no segundo Ironman seguido tinha acontecido problema na bike. E eu vinha bem, com 286 watts de média no momento. Fiquei uns dois minutos parado e retornei à bike com o intuito de terminar a prova. À medida que os atletas iam me passando eu tentava andar junto um pouco e sobrava, e foi assim até terminar o ciclismo, mas muito atrás de todos. O que me faz seguir em frente foi saber que tinha muita gente torcendo por mim, respeito aos meus patrocinadores e a vontade de correr a maratona! Se dava, eu fui, e deu certo!

Qual foi o momento mais difícil da prova (fora o problema com o equipamento)?
O momento mais difícil foi o início e o final do ciclismo. O início porque eu não sentia minhas pernas, acho que por causa do frio. E os últimos 40km por conta das dores nas costas, braços e pescoço causadas pela ausência do Clip. Nesse momento achei que minha maratona seria “horrorosa”…

Como foi seu treinamento para Wales, sabendo que o ciclismo é bem difícil?

Eu escolhi Wales exatamente por isso. Queria um desafio maior e achei que poderia me dar bem nesse tipo de prova, mais lenta. Treinei muita, mas muita subida. Conversei com o Marcus Ornellas e ele me deu muitas dicas de treino para provas assim, e eu fiz tudo o que pude. Pena ter quebrado o clip, mas ano que vem provavelmente voltarei aqui!

Seu foco já é o Ironman Havaí 2016?

Sim, eu desejo muito competir lá, mas esse oitavo lugar aqui me dá poucos pontos. Eu decidi que vou tentar, farei alguns Ironman até julho e se for pra ser, será. Se não for em 2016, de qualquer forma é uma meta na minha vida profissional!

Já tem ideia de seu calendário para conseguir este objetivo?

Competirei daqui a três semanas em Guarapari (ES), para treinamento somente. Três semanas depois no Ironman 70.3 Miami, para experiência internacional e quem sabe, pontos, e três semanas mais tarde no Ironman Arizona. Talvez o 70.3 de Punta, mas não sei ainda. Para o próximo ano pelo menos dois Ironmans full no primeiro semestre e outro em julho ou agosto se houver chance de classificação.

Gostaria de aproveitar e agradecer a todos que de alguma forma torceram por mim hoje, isso me fez seguir em frente. Aos meus alunos do time MPT (Manente Performance Team) que foram sensacionais nessa torcida, à minha família que me apoia em todas as decisões e aos meus patrocinadores que me possibilitam treinar para tentar chegar em alto nível: Skechers, 3T, Catlike, Della Bikes, Mix Bicicletas, Integralmédica, Cia da Saúde, Clínica Nura, IGM Clínica do Exercício, Fundação Municipal de Esportes de São José-SC Sigvaris, Bolsa Atleta.

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