Francisco Sartore é da categoria 35/39 anos, e ontem teve o dia mais feliz em sua vida de triatleta, venceu uma prova de Ironman, exclusiva para amadores. Dividindo sua vida entre treinos, trabalho e família, ele conta como conseguiu nadar 3.8km em em 1:01:39 no mar mexido, pedalar 180km em 4:54:05 com um vento contra absurdo e correr a maratona em 3:11:10 sob o escaldante calor do nordeste brasileiro, fechando o desafio em 9:14:23. Com vocês Francisco “Chiquinho” Sartore:
Como você chegou ao triathlon?
Eu jogava futebol e não conhecia nada de triathlon, mas decidi em 2005 começar a fazer o esporte lá em Santos. No mesmo ano fiz o Ironman Florianópolis e completei em 13h57min. Me lembro que quando estava começando a maratona o primeiro colocado já estava cruzando a linha de chegada. Eu não era forte em nenhuma modalidade.
De que maneira foi sua evolução no Ironman?
Em 2006, no meu segundo Ironman, me dediquei muito e saltei de 13h57min para 10h55min. Em 2007 já fiz 9h57min, em 2008 já cravei 9h32min e peguei a vaga para o Mundial para o Havaí pela primeira vez, onde fiz 10h26min; em 2010 peguei a vaga novamente, mas não fui para Kona porque estava com casamento marcado e precisava economizar na grana! Em 2012 fui para o Havaí e fiz 9h59min; em 2014 fiz novamente Kona, fechando em 9h21min. 2015 está sendo especial pra mim, pois fiz uma cirurgia no joelho e mesmo assim fui para o Ironman Florianópolis, fiz 9h48min e continuei treinando muito, chegando até aqui em Fortaleza. Meu técnico Tarso me orientou muito bem e treinei muito ciclismo com meu amigo Diego para esta prova, pois sabia que seria decisivo. A corrida eu já tinha a confiança, mas precisava pedalar melhor.
Como é sua rotina diária?
Eu fiz administração de empresas e hoje trabalho com comércio. Trabalho de segunda a sábado com meu pai e minha irmã na nossa madeireira em Santos (SP), há 26 anos. E agradeço a eles o apoio que me dão. A gente rala muito juntos. Treino em média de quatro a cinco horas por dia. Acordo na madrugada e pedalo. Nado na hora do almoço e, às vezes, à noite. Corro de manhã também às vezes. Gostaria muito de conseguir um apoio para ir ao Ironman Havaí em 2016 pois já gastei muito neste sonho.
Como foi a prova aqui em Fortaleza?
Nadei para 1h01min e no primeiro retorno do ciclismo estava entre os 20 primeiros; na segunda passagem já estava em 4º lugar, entregando a bike na 5ª posição. Saí pra correr com calma, pois sei que é muito quente aqui. A minha experiência em Kona me ajudou muito e fui evoluindo aos poucos e assumi a ponta na altura do km 21. Segurei o ritmo, me hidratei e cruzei a linha de chegada.
Como foi sua estratégia nutricional nesta prova?
Tomei cinco géis no ciclismo e quatro na corrida, além de muita água e isotônico. Depois que assumi a liderança, na metade da maratona, fui de Coca- Cola até o final.
Qual a sensação de vencer um Ironman?
Eu nunca fui campeão nem da minha categoria em Ironman, então vencer aqui foi um sonho. Esta prova ser disputada apenas por triatletas amadores valoriza a gente. Ser campeão não tem preço. Hoje era meu dia. Sentia meu coração bombando de energia e falava pra mim mesmo: “Eu não vou quebrar!’