Entrevista pós-Mundial de Ironman com Luis Ohde, 4º colocado na cat 18/24 anos!

O paranaense Luis Ohde já havia sido o melhor amador no Ironman Florianópolis 2015 e, para o Mundial no Havaí, estava cotado com um dos candidatos ao pódio em sua categoria de idade. E conseguiu! Confira as palavras deste “menino-prodígio” do triathlon nacional:

Como foi o desenrolar da prova pra você, desde a natação?

Acordei na manhã da prova tranquilo, consegui dormir e descansar bem, sem muita ansiedade. O momento da largada é muito complicado, com praticamente 2000 atletas largando juntos de dentro da água. Foi uma sensação horrível, apanhei muito e logo na largada meu óculos caiu com a pancadaria, por sorte ficou pendurado na touca, “lutei” por mais ou menos 300 metros até conseguir arrumar e logo que consegui, o competidor à minha frente resolveu nadar estilo peito… com o pé direto no meu rosto! Na hora achei que tinha quebrado todos os dentes e não poderia sorrir no Havaí! Com os dentes ok continuei nadando, meio “tonto” por mais alguns metros até que consegui achar meu espaço e nadar até o fim com uma sensação ótima.

O pedal foi exatamente como planejado, ou quase, até o km160; fui ultrapassado por muitos competidores logo no começo, mas imaginava “estou em um Campeonato Mundial, todos aqui estão muito adrenalizados”, mantive a calma e meu ritmo. Na subida do Hawi usei minha tática e subi forte, consegui ultrapassar muitos competidores e fazer o retorno entre os 30 primeiros, acredito. Mantive até o km 160, então… Quebrei! Não tinha mais perna para empurrar os pedais, sentia muita dor no joelho esquerdo devido ao acidente que sofri 14 dias antes da prova, só queria sair para correr o quanto antes. Fiz a transição rápida, os primeiros kms já me mostraram que não seria uma maratona fácil, caminhando em todos os postos de hidratação senti muito o calor e a pouca eficiência da corrida devido a dor no joelho.

Qual o momento mais difícil para você na prova?

O fim do ciclismo. Era uma parte que já previa o vento contra pelos treinos que fiz antes da prova naquele horário do dia. Queria chegar bem nesta parte da prova e conseguir alguma vantagem, mas não foi o que aconteceu…

Tem como descrever a emoção da chegada? 

Chorei os últimos 2km. Foi uma mistura incrível de sentimentos: dor, frustração, alegria. Os últimos 14 dias antes da prova foram muito difíceis, uma luta mental comigo mesmo, havia feito uma preparação impecável junto com o Guilherme Manocchio, meu treinador, e quinta-feira, dia 24 de setembro, fui atropelado quando terminava o penúltimo treino de ciclismo em Curitiba. Cinco dias antes de embarcar pra Kona com uma bike quebrada ao meio, uma microfissura no joelho, alguns ralados e muita dor que mal conseguia andar. Sem poder tomar os remédios prescritos pelos médicos devido aos exames antidoping, tive que ser paciente e manter a cabeça no lugar. Foi isso que eu soltei na linha de chegada “EU CONSEGUI”! Não do jeito planejado, mas o melhor que pude fazer.

Já imaginava que seria pódio?

Quando cruzei a linha achava que não tinha ficado nem entre os 10 primeiros, então o Fellipe Santos me disse que havia feito 3°, fiquei muito feliz por ele, fez uma prova incrível e sei o quanto ele se dedicou pra isso! Porém achava que a premiação seria até o 3° colocado e fiquei frustrado por uma posição não levaria um troféu de Kona pra casa. Quando soube que seria até o 5° fiquei muito feliz! Tomei várias cervejas pra comemorar, coisa que não fazia há meses!

Ficou satisfeito com seu resultado?

A prova como um todo foi fascinante, analisando hoje estou muito satisfeito. Já havia mencionado que o lugar é realmente fantástico e a natureza na ilha tem o poder incrível! Como disse meu técnico Manocchio, a competição aqui arranca qualquer fraqueza que você tenha. Pra competir aqui você tem que estar 110% fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Sei que se chegar na Big Island com esses 110% posso fazer uma prova melhor.

A partir do ano que vem vai realmente começar sua carreira profissional?

Esse plano continua de pé. Se quero ser profissional não vejo porque adiar essa transição. Sei que é uma fase muito difícil pra quem está começando, principalmente nas provas longas, conseguir um bom resultado leva algum tempo. O próximo ano ainda será de muito aprendizado, e o maior desafio será conseguir viajar às competições buscando a pontuação. Gostaria de aproveitar e agradecer todos meus amigos e pessoas que me ajudaram a estar em Kona competindo. As pessoas que compraram minha rifa e meus moletons. Meu técnico Guilherme Manocchio, minha família, minha namorada e meus apoiadores que me deram muita ajuda nesta reta final, Manocchio Triathlon Team, Nutriall Suplementos, Dentro D’água, XTerra Wetsuits Brasil, Compressport Brasil, Mix Bicicletas, 3 Marias, Gi Leiner Nutrição, Mansão Merano, GP Parking e Santa Composição. Em especial à Tribo Esporte que me arrumou uma bike de última hora idêntica a que eu treinava havia dois anos.

Redação

redacao@golonger.com.br