O processo de envelhecimento é complexo e multifatorial e vale entender como funciona
Por Gustavo Monnerat
Durante o processo de respiração celular, produzimos espécies reativas de oxigênio (ROS). Deste modo, durante o exercício aeróbico, como aumentamos em várias vezes a taxa de respiração, produzimos mais ROS. Por outro lado, um dos principais mecanismos de envelhecimento é o estresse oxidativo, nesta lógica, poderia-se especular que o exercício aeróbico aumenta o ritmo de envelhecimento por aumentar ROS, certo? Errado! Há de se frisar que o processo de envelhecimento é complexo e multifatorial, e que o estresse oxidativo não é consequente somente dos níveis de ROS, mas sim entre o balanço entre fatores oxidantes e fatores antioxidantes!
Como sabemos, um dos principais conceitos em fisiologia do exercício são os de adaptação e super-compensação. Diante do aumento da produção de ROS, nosso corpo se adapta e aumenta a quantidade de enzimas antioxidantes, o que pode controlar esse ROS aumentado e prevenir o estresse oxidativo.
Neste cenário, um estudo recente avaliou o efeito de exercício aeróbico (AET) no comprimento do telômero, um dos mais efetivos biomarcadores do envelhecimento e idade biológica. Neste estudo foi demonstrado que, ao contrário do que discutido por muitos, o exercício aeróbico na realidade aumentou o comprimento dos telômeros! Ou seja, apresentou um efeito anti-envelhecimento!!
Então, por que alguns indivíduos, a exemplo de alguns maratonistas, podem apresentar um rosto envelhecido para sua idade? Três pontos são importantes para explicar isso: (1) exposição solar aumenta o estresse oxidativo na pele e pode intensificar o processo de envelhecimento facial; (2) percentual de gordura corporal muito baixo pode interferir na arquitetura dos compartimentos de gordura facial; (3) existem períodos adaptativos e limites para as capacidades antioxidantes endógenas, assim, indivíduos com alto volume de treino podem apresentar aumento do estresse oxidativo e por isso devem ser monitorados e, se necessário, suplementar antioxidantes.
Assim, o exercício aeróbico (AET) não promove o envelhecimento precoce. Mas exposições demasiadas a rotinas extenuantes e volumosas de treinos associadas ao período ineficiente de adaptação da proteção antioxidante endógena.
Gustavo Monnerat é Phd em Fisiologia UFRJ/Bonn Universität. @gustavomonneratphd