Glicogênio muscular, jejum e exercício

As fontes de glicogênio no corpo do atleta e sua relação com a atividade física

Cerca de 6 a 10% do peso seco do fígado pode ser de glicogênio. O órgão é especializado em armazenar glicogênio para suprir as necessidades de manutenção da glicemia nos períodos de jejum. Já os músculos armazenam cerca de 1 a 2% do seu peso seco, mas como possuem massa tecidual muito maior, concentram quantidade de glicogênio cerca de 2 a 4 vezes superior ao encontrado no fígado.

De forma contrária ao observado nos hepatócitos, o glicogênio intramuscular destina-se à síntese de ATP que é rapidamente consumido para subsidiar o processo contrátil durante o exercício físico.

Cerca de 12 a 18 horas de jejum é o tempo necessário para esgotar a reserva de glicogênio hepático e 2 horas de exercício com intensidade cerca de 15% abaixo do limiar do lactato é suficiente para acabar com o glicogênio intramuscular.

As fibras do tipo II degradam glicogênio mais rapidamente. Imagens de microscopia eletrônica bidimensional, indicam que na fibra muscular, estoques de glicogênio podem ser encontrados entre as miofibrilas (intermiofibrilar) próximos às mitocôndrias e ao retículo sarcoplasmático; dentro das miofibrilas (intramiofibrilar) entremeado pelos filamentos contráteis e túbulo transverso; e na superfície da membrana (subsarcolêmico).

Evidências recentes indicam que o esgotamento da reserva intramiofibrilar encontra-se diretamente relacionada à fadiga e que a redução do conteúdo intramuscular total de glicogênio reduz a excitabilidade da fibra e altera a disponibilidade de íons cálcio necessários ao encurtamento dos sarcômeros.

Apesar do exercício intenso realizado próximo do VO2 máximo promover acentuada degradação de glicogênio hepático e muscular, o produto formado de glicose-6 fosfato (G-6P) somente poderá originar glicose no fígado, já que suas células contém a enzima fosfatase.

Embora as fibras musculares em contração possuam canais transportadores de glicose que movimentam a molécula em ambas as direções, a G-6P formada nos músculos não pode originar glicose já que este tecido carece da enzima anteriormente mencionada.

Resulta deste processo o fato do exercício intenso produzir aumento significativo da glicemia compatível com danos vasculares que podem ser mitigados pela insulina.

Roger de Moraes
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

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