Mineiro é triatleta no modo “Multiverso do Triathlon”, com sucesso tanto no triathlon convencional como no off-road
Como chegou ao triathlon e ao triathlon off-road?
Comecei a nadar com três anos de idade por influência dos meus pais, e a convivência com meu primo Lucas Leite e com o triatleta de Juiz de Fora Thiago Machado (já falecido), acabaram me estimulando muito a começar no esporte também, com o desejo de fazer um Ironman.
Em 2005, eu fiz a minha primeira prova de Triathlon, quando era só nadador, e fiz para ter essa experiência… Mas só comecei a treinar e competir com uma rotina mais sistematizada em 2009, quando fiz uma prova em Juiz de Fora e comecei a participar do Circuito XTerra.
Sempre gostei de estar em meio à natureza… Já fiz muitas provas de trilhas, de mountain bike. Uma das maiores foi o El Cruce de los Andes, uma prova de trail run de 100km cruzando a Cordilheira dos Andes.
No meu primeiro ano de XTerra, em 2010, ganhei o ranking na minha categoria e tive bons resultados, mas meus olhos estavam virados para o Ironman, para correr a prova de Kona.
Então, até 2015 eu sempre fazia as duas provas, tanto off-road (XTerra) quanto o Ironman. Eu dividia a minha temporada em duas. No primeiro semestre, focava mais no Iron, por conta da prova de Floripa, e no segundo, focava mais no off road.
A partir de 2015, eu foquei exclusivamente no Ironman e por três anos fiz o Ironman em Kona (2016, 2017 e 2018), realizando um sonho. No final de 2018 resolvi dar um tempo no Ironman e focar nas provas mais curtas, incluindo o XTerra.
Desde então, tenho focado muito no circuito, mirando o ranking e o Campeonato Mundial, que vai acontecer este ano em Trentino, na Itália, e consegui me classificar. Nesse tempo, também fui campeão do ranking brasileiro de XTerra e Bicampeão do Brasileiro de Cross Triathlon.
O que te mais motivou a fazer o triathlon off-road?
Gosto muito de estar em contato com a natureza e, para mim, essa é uma grande motivação. Tenho muito respeito pelo meio ambiente, pelos animais. Sou um atleta vegetariano e busco um estilo de vida que tenta preservar o meio ambiente. O XTerra junta essas duas coisas que eu gosto: o esporte e a natureza.
Como é sua rotina diária de treinos? Como divide o tempo com sua assessoria esportiva?
Treino todos os dias, por vezes com a a companhia dos meus alunos da assessoria. Durante a semana, consigo fazer de 3 a 4 treinos por modalidade, mesclando treinos em trilha e no asfalto (50% em cada).
Divido a rotina dos treinos com a assessoria, em que trabalho online com a prescrição de planilhas e atletas focados principalmente em Ironman e XTerra, onde tenho maior experiência. Tenho alunos do Brasil todo.
O que ainda tem que aperfeiçoar como atleta?
Meu maior desafio é o trabalho secundário de fortalecimento com musculação. Não tenho muita motivação e faço por necessidade. Com isso, tive algumas lesões que me prejudicaram principalmente na corrida. É a modalidade que estou mais focado em aperfeiçoar atualmente.
Além disso, acho que preciso acreditar um pouco mais em mim. Sou muito realista e pé no chão nas provas. Sinto que às vezes falta arriscar… é o que tenho feito atualmente nessas provas mais curtas: arriscado um pouco mais. Também é o que eu quero fazer no Mundial. Largar bem forte na natação, tentar sair no primeiro pelotão e sustentar na bike com os atletas da frente.
Quais resultados ressaltaria como seus principais?
Já ganhei a minha categoria, como amador, no Ironman Brasil;
Como profissional, já ganhei alguns títulos do Rio Triathlon;
Bicampeonato Brasileiro de Cross Triathlon 2021 e 2022;
Ranking XTerra 2021;
Três participações no Mundial de Kona e 70.3.
Como está a expectativa para o Mundial fora do Havaí? O que achou desta novidade?
O Havaí é um lugar que tenho um carinho muito especial. Já conheci quatro ilhas do arquipélago e em 2016 fiquei quase um mês por lá. Acampei, fiz trilhas, dormi em casa de havaianos, conheci muito a cultura de lá.. enfim, tenho muita vontade de voltar e ficar mais tempo. Mas a região onde vai ser a prova esse ano é um lugar incrível! Já fui em 2019 e tive vontade de fazer uma prova por lá. Acabou que ano passado, por questões de logística e preservação ambiental (menos consumo de combustível fóssil para deslocamento dos atletas), mudaram o local da prova, saindo do Havaí e indo para Molveno, em Trentino. Então, pra mim, foi uma novidade incrível! Gostei demais da mudança e foi até algo que me estimulou mais a querer correr!
Qual a logística para o evento?
Viajo dia 22 de Setembro. Meu voo vai ser mais longo, quase 30 horas de voo, com minha esposa e minha filha. Vamos ficar na casa de uma amigo em Bonzano, perto da prova.
Dia 28 vou para o local da prova, reconhecer o percurso. A prova é no dia 01 de Outubro, então, tenho alguns dias para me ambientar com calma, nadar, conhecer o local da largada e os outros atletas. Quero curtir o local que é um polo do esporte off-road, de montanha. Quero fazer um pedal no Passo do Stelvio, pico do ciclismo mundial onde passa o Giro d’Italia e conhecer Chamonix, a meca do Trail Run.
Quais seus objetivos após o Mundial?
Pretendo retornar para o Brasil e continuar o ranking do XTerra, que estou liderando, mas vou faltar algumas provas… então as últimas serão decisivas. Ano que vem, vou continuar focando em provas off-road e depois quero voltar pro Ironman.
Quais seus ídolos no triathlon convencional e no off-road?
Alexandre Manzan, grande atleta de asfalto e off-road, me inspiro muito nele e no seu estilo de vida.
Craig Alexander, um atleta muito disciplinado, que mudou um pouco a visão do treinamento para o Ironman. Gosto muito de como treinou e se comportou nas provas.
Que dicas daria para quem pretende migrar do triathlon convencional para o off-road, ou para quem pretende fazer os dois ao longo da temporada?
Cuidado. Muita gente sai do asfalto com ótimo desempenho e quer manter no off-road… mas precisa ter muita técnica para não se machucar. Então, aprimorar a técnica, principalmente no mountain bike e no trail run, é fundamental. Além disso, também é preciso avaliar se o percurso está dentro dos seus níveis técnicos.
Sugiro dividir a temporada em duas. Focar em provas de asfalto em um período e depois focar em off road (Ex: seis meses em cada).
Nome: Hugo Amaral Horta Barbosa
Nascimento: 07/01/1987
Cidade natal: Juiz de Fora
Cidade em que vive: Juiz de Fora
Tempo de triathlon: 13 anos
Técnico: Eduardo Braz
Equipe: Vidativa
Bike: Trek Émonda / Specialized epic
Capacete: S-works
Sapatilha: Recon-3
Tênis de corrida: Pegasus Trail
Roupa de borracha: Xterra Vector pro
Óculos de natação: Swedish
Apoio e patrocínios:
Mother Nutrients
Xterra Wetsuits Latam
Mr Tugas
Postos Royal
Rodoviário Camilo dos Santos
A tal da Bike
Vezzo