A hipolactasia primária é de origem genética, e pode ser facilmente identificada através de teste genético
Por Jeanine Teofilo
A intolerância à lactose é caracterizada pela presença de sintomas gastrointestinais ocasionados pela má absorção intestinal da lactose. A lactose, o açúcar presente no leite animal, precisa ser digerido no intestino humano após ser consumido. Quem faz este papel é a lactase, uma enzima produzida no início do intestino delgado, na ponta das vilosidades intestinais.
A redução da produção de lactase é chamada de hipolactasia, e leva a má digestão da lactose, levando aos sintomas de intolerância quando a lactose é consumida em uma quantidade maior do que a capacidade digestiva atual do indivíduo.
A hipolactasia primária é de origem genética, e pode ser facilmente identificada através de teste genético, como o realizado pelo Biodiet – Map na Biogenetika. A redução da produção da lactase começa após o desmame, mas os efeitos severos podem aparecer mais tarde, e quando ocorre a perda da lactase esta é permanente.
A intolerância à lactose é considerada normal, para a maior parte da população mundial. As estimativas de prevalência de hipolactasia primária são de mais de 50% para América do Sul, África e Ásia, chegando a quase 100% em alguns países asiáticos. Pode-se dizer que 2/3 da população mundial não possui a persistência da lactase.
A hipolactasia secundária é causada por outros fatores, como por exemplo cirurgias que retiram parte do intestino onde a enzima é produzida ou outras doenças que causam dano intestinal, como a doença celíaca não tratada ou infecções intestinais, por exemplo. A má digestão secundária pode não levar à sintomas graves de intolerância, e havendo regeneração do intestino afetado, a intolerância desaparece.
A lactose não digerida é fermentada no cólon, e produz acetato, dióxido de carbono, gás hidrogênio e metano pelas bactérias produtoras de gás.
A modulação na microbiota intestinal tem sido alvo de pesquisas para alcançar soluções à intolerância à lactose.
Uma das estratégias testadas é utilizar suplementação de GOS (galacto-oligossacarídeos) purificada (mais de 95% de pureza) durante um período específico, e após realizar provocações com alimentos que contenham lactose.
O uso de GOS levou ao aumento de bactérias relacionadas à estados de saúde, como Lactobacillus, Faecalibacterium e Christensenellaceae. A reintrodução de alimentos com lactose manteve este benefício. Outro gênero de bactérias beneficiados pela suplementação de GOS, mas não pela alimentação láctea, foram Bifidobacterium.
A suplementação com GOS reduziu algumas bactérias relacionadas com estados de doença, como Fusobacterium, que tem sido associado ao câncer colorretal e adenomas.
Metade dos participantes deste estudo observaram melhora dos sintomas de intolerância após a introdução de alimentos com lactose, o que foi relacionado ao aumento das espécies de Bifidobacterium fermentadoras de lactose, que possuem beta-galactosidades.
Com a reintrodução de alimentos lácteos houve aumento na abundância de famílias de bactérias produtoras de butirato, como Clostridiaceae e Lachnospiraceae, e também no gênero Roseburia.
Conhecer a individualidade do seu microbioma intestinal, através do Inner Care TRIGGER, da Biogenétika é fundamental para realizar estratégias direcionadas de modulação intestinal e alcançar a saúde.
REFERÊNCIAS
AZCARATE-PERIL, M. Andrea; RITTER, Andrew J.; SAVAIANO, Dennis; MONTEAGUDO-MERA, Andrea; ANDERSON, Carlton; MAGNESS, Scott T.; KLAENHAMMER, Todd R.. Impact of short-chain galactooligosaccharides on the gut microbiome of lactose-intolerant individuals. Proceedings Of The National Academy Of Sciences, [S.L.], v. 114, n. 3, p. 367-375, 3 jan. 2017. Proceedings of the National Academy of Sciences. http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1606722113.
Bauermann A, Santos ZA. Conhecimento sobre intolerância à lactose entre nutricionistas. Scientia Medica (Porto Alegre) 2013; volume 23, número 1, p. 22-27
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