A tecnologia tornou incrivelmente fácil para triatletas monitorarem seu progresso no treinamento e manter os números de potência e ritmo necessários para realizar seus objetivos no dia da prova. Mas em condições extremas de calor, água gelada, fortes rajadas de vento ou muita chuva, vejo vários atletas esquecerem o papel que a “Mãe Natureza” tem naquele dia e o impacto que isso tem em sua capacidade de cruzar a linha de chegada em um determinado tempo.
Em um recente Ironman, no verão americano, o tópico principal do dia entre os atletas que eu treinei foi adaptabilidade. As condições eram extremamente quentes e não havia sombras ou trilhas arborizadas para oferecer alívio. Uma típica conversa com um atleta antes da prova foi algo como: “Durante o meu último grande bloco de treinos eu estava fazendo a média de ‘tanto’ nos splits na corrida, por isso estou planejando ir alguns segundos mais rápido hoje”, disse o atleta.
“Bem”, eu diria: “Não se esqueça que vai ser 15 graus mais quente aqui do que você está acostumado e não há umidade como você está acostumado. Vai sentir-se muito mais difícil para manter suas parciais médias do que você está acostumado. Você vai ter que aumentar a sua hidratação e ingestão de eletrólitos e prestar mais atenção à forma como você se sente do que olhando para medidor de energia de sua bike para determinar se você está trabalhando duro o suficiente. “
Normalmente, esse lembrete era suficiente. Afinal, eles fizeram um preparação inteligente para o Ironman. Mas, a conversa me lembrou das muitas vezes ao longo dos anos que eu vi competidores de Ironman sucumbirem por terem ignorado o que acontecia à sua volta e se recusado a adaptar o seu plano de corrida para as condições do dia da prova. Eles cegamente se esforçaram para chegar a uma determinada velocidade ou ritmo, porque isso é o que eles planejaram e treinaram para fazer. E quando se torna muito difícil para segurá-la, muitas dessas pessoas se recusaram a reajustar suas metas para atender àquelas demandas, forçam ainda mais e, eventualmente, passam do limite acabando por abandonar a competição.
Aqui está o que as pessoas esqueceram: esqueceram-se de que todos, mesmo os profissionais, estavam sofrendo também. Os que terminaram mais rápido não são necessariamente aqueles que conseguiram manter os seus objetivos pré-planejados. Eles são, certamente, os que melhor se adaptaram às condições da prova, mudando suas roupas, hidratação, nutrição e estratégias em conformidade com as dificuldades que se apresentaram. Eles também foram os que estavam mais em sintonia com o que seu corpo estava dizendo sobre o “ritmo de corrida” naquele dia e não com os dígitos em seu medidor de energia ou relógio GPS.
Abaixo darei algumas orientações que irão ajudá-lo a fazer o melhor no dia da prova em condições que não são as ideais.
Se estiver muito quente:
No geral: A natação deve estar bem. No ciclismo, não se desespere se você está pedalando 1 a 2 km/h mais lento do que você acha que deveria sobre a bike. E na corrida é onde você mais vai sentir o calor, portanto, confie menos em seu GPS e muito mais em sua percepção para achar seu ritmo.
Hidratação: Aumente a sua ingestão de líquidos por hora planejada adicionando mais uma garrafa de água com uma mistura de eletrólitos. Mas não adicione outra bebida enriquecida com carboidratos, pois com o calor, você pode não ser capaz de digerir mais de 200-300 calorias por hora. Separando hidratação de nutrição (fluidos / eletrólitos em suas garrafas, calorias dos alimentos) ajuda a aumentar a ingestão de líquidos para compensar o tempo quente, sem sobrecarregar o estômago com mais calorias do que ele pode processar.
Nutrição: Além de carboidratos a partir de géis, bebidas e balas mastigáveis, alimentos salgados podem ser um trunfo importante durante as provas em dias quentes. O sódio pode ser um benefício, com certeza, mas é preciso ser testado, já que é bastante diferente dos alimentos e bebidas com sabor doce.
Se estiver frio:
No geral: Em muitos aspectos, é mais fácil competir em um tempo mais frio do que em um tempo quente, mas isso é supondo que você não se deixe ficar muito frio durante a prova. Usar uma roupa de borracha com mangas compridas, incluindo touca de neoprene, se a água estiver abaixo de 20o C. Procure usar uma toalha para se secar na T1. Coloque calças ou bermudas combinadas com meias de compressão, camisas de mangas compridas ou manguitos e luvas para auxiliar na retenção da temperatura corporal. Antes da etapa de corrida, considere trocar de roupa para ficar novamente seco. Corra com um par de luvas que cubra seus punhos. A maneira mais fácil de ajustar a sua temperatura corporal na corrida é através das luvas, portanto tire-as antes de remover um casaco por exemplo. Se você está com frio, coloque-as antes de colocar um casaco.
Hidratação: As pessoas muitas vezes se esquecem da hidratação quando está frio lá fora. Durante um Ironman, você não pode pagar por este erro. Mantenha a sua estratégia de hidratação não importa quão frio estiver!
Nutrição: Mantenha sua estratégia de pré-corrida, mas não se coíba de beber e/ou comer líquidos e alimentos quentes, se for oferecido a você. Eles vão ajudá-lo a se aquecer.
Se estiver ventando:
No geral: A natação pode ser afetada com ondas e marolas, portanto esteja preparado para passar mais tempo na água. No ciclismo, como a maioria dos percursos de Ironman são feitos em ida e volta, você terá a impressão de que os diretores de prova decidiram colocar uma subida de 40 e 50km no percurso naquela manhã. Reconhecendo isso, trate o vento realmente como uma grande subida que você deve lidar com ela uma pedalada de cada vez.
Hidratação: Como numa subida, indo na direção do vento é muito mais difícil, portanto se você tiver baseando a sua estratégia de hidratação no tempo e não na distância, você está bem! Mantenha o plano.
Nutrição: Como na hidratação, coma de acordo com o tempo gasto e não distância percorrida.
Lindsay Hyman é Treinadora do Carmichael Training Systems