Em entrevista, Antônio Manssur conta detalhes do que considera uma de suas maiores conquistas esportivas, e que não teve troféu
Antônio Manssur faz 50 anos de idade este ano, e destes, 32 foram dedicados ao triathlon. E foi justamente este lastro fisiológico que o ajudou a superar o desafio que se propôs neste final de semana, fazer triathlon durante 24 horas em prol do Hospital das Clínicas no auxílio ao combate à pandemia de COVID-19.
O que te motivou a realizar este desafio em prol do Hospital das Clínicas?
AM: Eu me inspirei no alemão Jan Frodeno, campeão olímpico de triathlon e tricampeão mundial de Ironman, que realizou um Ironman indoor para arrecadar fundos para projetos sociais. A inspiração também veio dos médicos, que fazem 24 horas ou mais de plantão nos hospitais com dinamismo e dedicação, então fiz a correlação com o nosso esporte e montei o desafio.
Como era a dinâmica, a estrutura e como fluiu?
AM: Eu me programei para realizar dezenas de Sprints Triathlons ao longo do dia, nadando 750 metros numa endless pool, pedalando 20km com a minha bike Trek Madone SLR 6 num smart trainer com o Zwift e correndo 5km em esteira. Ao final de cada bloco de quatro provas eu fazia um descanso de 20’ para ir ao banheiro e me alimentar melhor.
Fez alguma preparação especial para o desafio?
AM: Fiz com o lastro fisiológico que tenho após tantos anos de treino, já que, por causa da quarentena, estava apenas mantendo meus treinos, sem nada com volume alto os específico para o desafio.
Como passou pelo momento de desidratação que teve no início da jornada?
AM: Após o primeiro bloco de quatro provas eu já havia perdido 1,5kg, o que é muito, então tivemos que reformular minha hidratação. Além da reposição de líquidos, ao longo do dia ingeri bastante carboidrato, comi açaí, sanduíche, arroz com ovo, batata amassada e outras coisas também.
Qual foi o momento mais crítico do desafio e como conseguiu superá-lo?
AM: Do 15º para o 16º Sprint Triathlon, já no final do desafio, fiquei um pouco ansioso, além de ter feito um teste cognitivo, olhando para um computador que tremia com a bike, junto a isso tinha a música alta, a luminosidade… parecia que estava numa rave! Estes testes faziam parte da programação, então a cada quatro triathlons eu realizava um teste ergoespirométrico na bike e na esteira. Esses momentos sempre eram mais desgastantes, por causa do equipamento envolvido. Eu acabei fazendo 17 sprints triathlons completos, sendo que este último passou oito minutos das 24 horas.
Qual a modalidade que te deixava menos confortável e a que mais te tranquilizava?
AM: Natação era a modalidade que eu mais me sentia bem, utilizando-a inclusive para soltar a musculatura. Já a corrida, que gosto tanto, era a pior, pois meu joelho esquerdo começou a doer e virou um incômodo, tanto que nos intervalos eu tinha que sempre tratar com gelo.
O que tirou de lição deste desafio esportivo?
AM: Que essa rotina de 24 horas dos médicos é algo impressionante. Como conseguem manter a dinâmica, a atenção e o desempenho por tanto tempo. Além disso, foi muito interessante como chamou a atenção para o nosso esporte que tanto amamos. Não tinha performance e nem troféu ao final, era mais a mensagem. Me senti completo e senti a alma do esporte. Eu só pensava a cada prova, não nas 24 horas, então me motivei muito com tudo.
Como ficou a campanha de arrecadação?
AM: Conseguimos arrecadar até agora em torno de R$ 53.000,00 para o Hospital das Clínicas, mas as doações ainda podem ser feitas até o próximo sábado por este link.