A junção dos três pontos básicos resulta em uma natação tecnicamente melhor e mais efetiva
Por Matheus Evangelista
Das modalidades que compõem o triathlon, a natação é aquela que tem a menor parcela, menor duração, mas a que tem a maior quantidade de elementos técnicos que o atleta necessita – e pode – desenvolver e aprimorar. Essa lista cresce quando falamos sobre natação em águas abertas.
Grande parte do treino de natação ocorre na piscina, onde a execução pode ser mais bem realizada e o treino pode ser mais bem controlado tanto pelo atleta quanto por seu treinador, que tem mais condições de avaliar e corrigir a técnica do aluno.
Começo o pensamento dividindo natação em três pontos básicos: primeiro no meio em que é realizada, pois diferente do ciclismo e corrida, para nadar é preciso estar no meio líquido e em posição horizontal. Apesar da redundância na escrita, é meio diferente do que passamos a grande maioria do tempo e surge ai a primeira necessidade, que é buscar o equilíbrio e flutuação adequados.
A partir daí iniciam os movimentos de braçadas e pernadas visando deslocamento. Poderia falar sobre muitos pontos técnicos, mas o primeiro ponto é pensar no caminho que cada braçada tem: todo movimento que executo que não seja empurrando água para trás não me leva para frente. Simples? Experimente nadar em cima da linha da raia, bloqueie a respiração em alguns ciclos e acompanhe o caminho que suas mãos fazem durante toda a fase de tração. Se afastam ou cruzam a linha em algum momento? Palma da mão esta sempre apontando para trás? Juntando com o tópico anterior, quantas braçadas são usadas para efetivo deslocamento ou auxiliar o corpo no equilíbrio e flutuação?
Por último a respiração. Respirar deve ser uma atividade cíclica, constante. Na corrida ou ciclismo a respiração pode acontecer a qualquer momento pois não existem obstáculos, diferente da natação em que o atleta deve coordenar a inspiração e expiração nos ciclos de braçadas, além de ter que exalar o ar com força suficiente para que saia com a cabeça dentro d’água. Essa necessidade de ocorrer no tempo certo faz com que o nadador acabe pegando por vezes mais ar do que necessita a cada ciclo, é instinto por garantir ar, porém terá também que fazer mais esforço para soltar essa quantidade com a cabeça submersa e a pressão da água, resultando em maior fadiga. Respiração deve ser o mais natural possível, semelhante a corrida onde se pega somente a quantidade necessária de ar até o próximo ciclo.
A junção dos três pontos básicos detalhados acima resulta em uma natação tecnicamente melhor, mais efetiva. Para que isso seja possível é necessário estar na água! Novamente a redundância na escrita, porém só se adquire sensibilidade e desenvolve técnica nadando, estando na água. Mais importante do que fazer longas seções de treinos é aumentar a frequência semanal, ter mais oportunidades de aplicar e permanecer em boa técnica.
Nadar bem e se sentir bem
Passando para águas abertas, a técnica de nado segue com os mesmos princípios tendo agora a presença de fatores externos do ambiente. Diferente da piscina que é um ambiente totalmente controlado, o primeiro passo é reconhecer o percurso antes de entrar no mar, rio, lagoa. Identificar quais são as boias obrigatórias e de passagem; treinar movimentos de elevação da cabeça com o intuito de enxergar o percurso e definir pontos de referência que auxiliem a mirar nas boias; direção do vento, corrente, ondulações. No caso de um treino, definir percursos com boas referências e segurança, em que sempre se fique visível por quem esta em terra alem de contar com o apoio de um barco / stand up ou pelo menos mais um parceiro de treino que nade junto.
Identificado o percurso e as características do local da prova / treino, fazer algumas seções de reconhecimento são de grande importância. Se para nadar bem é preciso estar na água, em águas abertas existe também a necessidade de ambientação a característica do local, adquirir experiência.
Por muitas vezes não se enxerga o fundo, não se tem referência exata do ritmo e distância percorrida, alguns choques com outros nadadores (no caso de competições), mas a manutenção da técnica de nado, do ritmo treinado na piscina (tanto de braçadas quanto de tempo), do conforto das respirações deve seguir.
Nadar bem e se sentir bem.
Todo tempo ganho em uma competição é valioso. Pensando em triathlon, o quanto se pode ganhar na natação com o aprimoramento técnico e com a melhora da relação com o meio? Quantos minutos a menos na água e quanto de energia a mais se pode levar para o ciclismo? Além claro de um bom início e uma transição com a alma lavada.
Abraço e bons treinos!
Matheus Evangelista é Atleta de maratonas aquáticas – GNU
Administrador, Graduando em Educação Física,
Equipe técnica FS Team
@matheusevangelista1