Tênis Nike com placa de carbono é injusto?

O tênis que tem feito sucesso entre triatletas e corredores está sob mais uma polêmica. Na verdade, era apenas uma questão de tempo até esta situação suceder… Segundo o ‘The Times’, um grupo de atletas de elite apresentou uma queixa formal junto da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo), por considerar que os tênis de topo da Nike (Vaporfly 4% e Next%, utilizados nos tempos mais rápidos da história das provas de longa distância) concedem aos corredores que os utilizam “vantagens injustas" no rendimento desportivo. De acordo com as mesmas alegações, os modelos em causa, e aquilo que promovem, estão mesmo “arruinando" o desporto.

Uma ideia defendida e explicada pelo antigo atleta Gianni Demadonna no mesmo artigo. “Eles acreditam que os tênis provavelmente serão capazes de dar aos corredores a possibilidade de correrem a maratona uns dois minutos mais rápido. Compreensivelmente estão incomodados com aquilo que está acontecendo na sua modalidade, porque os tempos que têm sido feitos são muito rápidos. Até mesmo corredores mais velhos estão conseguindo melhorar os seus tempos", declarou o italiano, agora dedicado à carreira de agente de atletas, praticamente todos patrocinados pela… Adidas.

Ora, falando de melhorias, no mesmo artigo do ‘The Times’ o cientista desportivo Ross Tucker adianta mesmo que “quatro estudos de laboratório independentes detectaram que se produz uma redução do uso de oxigénio entre 2,7% e 4,2% quando se estão utilizando estes tênis“. Um benefício que tem, naturalmente, efeito na performance desportiva, já que dessa forma os corredores supostamente precisam de menos esforço para atingir as marcas que fariam normalmente.

IAAF anuncia investigação
Em resposta ao ‘The Times’, a IAAF anunciou estar de olho em toda esta polêmica e prometeu novidades para breve. “As recentes inovações na tecnologia têm colocado em debate a possibilidade de estar havendo ‘ajuda’ aos atletas. A IAAF criou um grupo de trabalho para analisar essas questões", declarou o organismo em nota enviada ao referido jornal.

Uma polêmica que, refira-se, já vinha sendo falada nos últimos meses, mas que ganhou maior dimensão este fim de semana, depois de Eliud Kipchoge ter quebrado a barreira das duas horas na maratona num evento privado (num recorde não homologável) e de Brigid Kosgei ter arrasado o recorde feminino de Paula Radcliffe. Registos incríveis que se juntam a outros também registrados no passado recente, já que nos tempos mais rápidos de sempre há um domínio claro dos modelos da Nike com placa de fibra de carbono.

Os Vaporfly no top-10 masculino
1.º Eliud Kipchoge – Berlim 2018 – Vaporfly Elite Upper
2.º Kenenisa Bekele – Berlim 2019 – Vaporfly NEXT%
3.º Eliud Kipchoge – Londres 2019 – Vaporfly NEXT%
4.º Birhanu Legese – Berlim 2019 – Vaporfly NEXT%
5.º Mosinet Geremew – Londres 2019 – Vaporfly NEXT%
7.º Kenenisa Bekele – Berlim 2016 – Zoom Vaporfly 4%
8.º Eliud Kipchoge – Londres 2016 – Prototipo Zoom Vaporfly Elite

Os Vaporfly no top-10 feminino
1.ª Brigid Kosgei – Chicago 2019 – ZoomX Vaporfly Next%
4.ª Ruth Chepngetich – Dubai 2019 – Zoom Vaporfly 4% Flyknit
8.ª Tirunesh Dibaba – Londres 2017 – Zoom Vaporfly 4%
10.ª Brigid Kosgei – Londres 2019 – ZoomX Vaporfly Next%

Ainda fora dessa polêmica, a Hoka, marca muito popular no triathlon, lançou o Hoka Carbon X (foto abaixo), que também tem uma placa de carbono integrada à entressola. Outras empresas também seguem pesquisas para lançar modelos com o mesmo conceito, mas parece que alguns maratonistas de elite não querem aguardar esses lançamentos…

Fonte: Record-pt, por Fábio Lima

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