Norseman 2022 tem quebra de recorde

Prova realizada na distância Ironman, em condições extremas, é considerada uma das mais duras do mundo

O Norseman voltou ao palco global novamente neste sábado, 6 de agosto, com uma prova que testemunhou novos recordes do evento, performances surpresa e um lembrete de que as condições climatéricas e percurso – 3,8km de natação, 180km de bike e 42,2km de corrida – sempre testarão até os atletas mais fortes.

O tradicional salto das 5 da manhã da parte de trás de uma balsa viu os competidores mergulharem na água de 13 a 15 graus C com uma leve brisa, fazendo com que parecesse ainda mais frio. A natação de 3,8 km não provou ser um problema para os campeões nórdicos estabelecidos, no entanto. Na prova masculina, uma batalha acirrada entre vários atletas que retornaram mostrou como a experiência, a tática e o conhecimento do percurso podem oferecer uma vantagem real. O atual campeão Jon Breivold ampliou sua liderança após o T2 para vencer a prova em grande estilo – estabelecendo um novo recorde de percurso masculino de 09:23:28.

“Tive um dia muito, muito bom”, disse ele no final. “Correu tudo conforme o planejado. Tivemos um vento a favor que ajudou, mas na largada da bike estava muito frio e molhado, então poderia ter sido um pouco mais rápido. A corrida foi boa; embora tivéssemos um pouco de vento contrário, não importava. Eu realmente queria fazer o recorde hoje, então eu fui a todo vapor!”

Na prova feminina, no entanto, foi um caso de paixão por táticas, como a estreante escocesa nórdica Eilidh Prize tendo a liderança inicial e não a largando até garantir uma final emocionante no topo da montanha – vencendo em 11:47:49 com lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto ela gritava: “Eu ganhei!” em um show lindamente humilde de emoção crua.

Prize, de 26 anos, é bicampeã do Celtman e subiu ao cume com seu pai como sua equipe de apoio, ela abriu o caminho para que mais jovens tentassem o aparentemente impossível. “Durante a primeira parte da bike, eu estava questionando se eu poderia fazer isso, quanto mais vencer”, disse ela. “Era tudo sobre chegar à linha de chegada. Eu não posso acreditar.

A prova deste ano mostrou que com o retorno dos atletas internacionais ao Norseman, as condições podem não ter ficado mais fáceis, mas as provas continuam abertas. Dos 239 inscritos, 219 venceram as duras condições e cruzaram a linha de chegada. Para conferir todos os resultados, visite aqui.

Abaixo, veja a chegada da campeã, Eilidh Prize.

BRASILEIROS

A brasileira Livia Bustamante, experiente triatleta de longas distâncias, fez a prova pela primeira vez e completou na 24ª colocação entre as mulheres, em 14:44:31. Raphael David fechou a prova em 15:05:57 (mais abaixo, o vídeo de sua chegada).

Segundo Lívia, o Norseman foi uma das experiências mais difíceis da sua vida esportiva, como contou em seu Instagram. “A prova de ontem em números: Natação, bem… péssima né? Mas considerando que eu não conseguia colocar o rosto na água e nadei pólo um tempão, foi até ok. T1 com frio absurdo e chovendo leve já… levei água quente pra aquecer as mãos, mas não foi suficiente, meus dedos entortaram, tipo uma cãibra, de tanto frio. Resolvido o problema, comecei o pedal… chuva e vento só aumentavam até o km 70 da prova… chegou a fazer -2ºC (com vento a sensação térmica é de bem menos). Sofri como nunca na vida! Senti dores no corpo todo que nunca imaginei, comia o tempo todo pra tentar me manter ligada, mas foi muito complicado; lá pela metade do pedal parou a chuva, mas não o vento! Sabe kona? Muito pior! Cada rajada absurda, de perder totalmente o controle da bike! Bom, depois de 7h30 de luta, uma T2 rapidinha, só tirar roupa molhada e colocar seca e vai! Saí na posição 146, e só os 160 primeiros podem subir a montanha final (homens e mulheres juntos), então até o km 25 eu corri com a minha vida! Tudo que eu podia! Passei muita gente… no km 25 começa a Zoombie Hill, que tem esse nome porque só tinha zumbi subindo… rsrs. Iniciei ela correndo ainda, mas descobri que mesmo andando eu seguia ganhando posições! Cheguei no ponto de corte no km 32 perto da posição 130, pronta pra subir! Aí segui caminhando, porque não sou obrigada… rsrs. E depois do km 37 até o topo, caminho de pedras soltas enormes. Cheguei no topo, você curte uns segundos e já quer descer porque tá morrendo de frio. Tira umas fotos, manda áudio pros amigos, entra na fila do trem pra descer, espera, chega exausta no hotel pra comer até morrer, dorme 2am e acorda 6am… É esse o resumo!”

Abaixo, o momento da chegada emocionante de Raphael David.

 

Redação

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