Ideia é já poder aplicá-lo nas Próximas Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022
Pesquisadores da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, estão comemorando um avanço na luta contra as drogas esportivas, com um teste não-direcionado para esteróides, que eles esperam que possa ser implantado a tempo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.
A professora Alison Heather, que liderou o desenvolvimento do teste, disse que com o mesmo conseguirá detectar esteróides anabolizantes antes que as autoridades antidoping tenham conhecimento que eles existam, já que este é um dos grandes dilemas da “guerra”. Como a droga sempre surge antes do antidoping específico, os exames geralmente estão atrasados, proporcionando a chance aos dopados de usarem as drogas por vários anos até que a mesma seja descoberta.
“É um grande avanço o fato de ser um teste não-direcionado, por isso não precisamos conhecer a estrutura do que estamos procurando para poder detectar um esteróide anabolizante”, disse Heather à Reuters por telefone de Dunedin.
Heather disse que pensou em desenvolver o teste pela primeira vez em 2004, quando começou a pesquisar o uso de tetro-hidrogestrinona (THG), o medicamento desenvolvido pelo laboratório BALCO em San Francisco, apelidado de “The Clear”. A velocista americana Marion Jones foi uma das muitas pessoas, atletas de alto rendimento, que finalmente admitiu usá-lo. Heather disse que a droga foi usada por atletas por cerca de sete anos antes que os testadores percebessem que ela existia.
“Chamamos de esteróide de designer porque tinha uma estrutura que ninguém sabia”, disse ela. “Se ninguém sabe, não há impressão digital para a espectrometria de massa, então ela não é detectada. Desde então, eu estava pensando que precisamos de um teste não direcionado”.
O novo teste não buscou marcadores específicos, mas se concentrou na detecção de mudanças no nível celular. “Todos os esteróides anabolizantes ativam uma via comum dentro da célula, então eu explorei essa via para construir o teste”, disse ela.
“Se eles querem ter um efeito anabólico em seu corpo, precisam ativar a via celular e nosso teste detectará qualquer medicamento que ative essa via anabólica. Então, pela primeira vez, estamos no mesmo nível. Heather disse que os esteróides ainda estão sendo desenvolvidos e vendidos pela Internet, apesar da ampla implementação de passaportes biológicos no esporte de elite.
O teste mostraria quaisquer anomalias naquele passaporte, que é um perfil de marcadores biológicos que detectam mudanças ao longo do tempo conforme os atletas são submetidos a testes regulares dentro e fora da competição.
VELOCIDADE
Nesta fase, as amostras de teste ainda precisam ser analisadas em laboratórios, mas os resultados serão conhecidos em quatro horas, disse ela. Seu objetivo final era ter a capacidade de “teste rápido”, onde os resultados podem ser produzidos poucos minutos após a realização do teste.
Heather acrescentou que desenvolveu esse teste ao lado de um para a indústria de corridas de cavalos e os testes com equinos serão lançados nos laboratórios em outubro, com kits de testes em humanos apenas “meses depois”.
Ela já entrou em contato com cientistas da Agência Mundial Antidoping (WADA) sobre o teste e em breve estará em posição de discutir como ele poderia ser implementado com o setor regulatório do órgão de fiscalização. “Nos próximos 12 meses, esperamos vender os produtos para laboratórios médicos”, disse ela. “Mas já em 2022, para Pequim e os Jogos da Commonwealth, é quando esperamos vê-los em uso na competição”.
Fonte: Reuters