O porquê de devermos “olhar além do tendão”

O início de uma Tendinopatia é insidioso, ou seja, apresenta um início silencioso e nem sempre o atleta apresenta dor nessa fase

Por José Rubens Zambelli

“Se você corre, o tendão é como uma bola de basquete, durante a corrida ele fica “quicando”. E se o tendão não apresentar uma boa qualidade na sua estrutura, seria como uma bola de basquete sem ar…” (Karin Silbernagel)

A Tendinopatia é um termo utilizado para descrever ou caracterizar um espectro de alterações no tendão, essas alterações são desenvolvidas pela sobrecarga imposta no tendão ou até mesmo por alterações metabólicas. O início de uma Tendinopatia é insidioso, ou seja, apresenta um início silencioso e nem sempre o atleta apresenta dor nessa fase.

Todo atleta busca um equilíbrio na relação de CAPACIDADE x DEMANDA, com equilíbrio ideal entre essas variáveis o estímulo apropriado irá trazer benefícios para o seu desempenho na prática esportiva. A CAPACIDADE de um atleta determinará a qual carga, em termos de volume, intensidade e frequência ele será submetido. Quando a carga é aplicada de maneira correta beneficiará a capacidade do atleta, e esse controle de carga, deve ser desenvolvido com seu treinador e fisioterapeuta.

Os pesquisados dessa condição clínica utilizam o termo “olhar além do tendão”, ou seja, devemos construir um raciocínio clínico entre fatores Intrínsecos e extrínsecos para abordar as Tendinopatias. Esses fatores podem se desenvolver por diversas alterações como:

Alterações na amplitude de movimento e força muscular;
Aumento no Volume de Treinos;
Excesso de Carga;
Biomecânica Individualizada;
Idade – Peso – IMC;
Indivíduos com alterações metabólicas (aumento no colesterol, alterações hormonais e diabéticos);
Uso em excesso de corticoides;
Tabagistas;

A Tendinopatia de Aquiles é uma das lesões de uso excessivo do tornozelo e pé. Dados epidemiológicos indicam uma incidência de 2.16 por 1000 pacientes/ano, na população geral, e uma prevalência de 6,2% a 9,5% de lesões relacionadas à corrida em atletas. A prevalência do distúrbio é maior em esportes que envolvem saltos e corrida. Cerca de 7% a 9% dos atletas profissionais que praticam esses esportes são confrontados com essa alteração e em 6% a 18% de todas as lesões em corredores amadores o Tendão de Aquiles está envolvido.

Os tendões necessitam de energia para ter uma boa qualidade e estima-se que a capacidade de armazenamento de energia elástica dos tendões é 10 vezes maior que uma mola de aço. Durante a propulsão 1/3 da energia de impulsão sai da energia elástica do tendão de Aquiles.

Com isso, devemos entender que não se reabilita Tendinopatias com repouso, pois o tendão necessita de armazenamento de energia para contribuir na carga mecânica. As Tendinopatias não são graves, mas um grande impacto na vida dos atletas e o tratamento devem ser baseados no controle de carga e num raciocínio multidimensional, isto é, tratar o paciente como um todo.

Para isso, consulte um Fisioterapeuta Esportivo para lhe auxiliar a buscar a causa e não ficar tratando somente a consequência.

José Rubens Zambelli, Fisioterapueta Instituto Biomech.
@zerubenszambelli
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