Princípio de temporada: Uma diretriz a seguir para os iniciantes

Estímulos máximos em distâncias curtas – desde que mantendo reduzido intervalo de descanso – podem contribuir para melhorar o rendimento aeróbico

Por Roger de Moraes

O fascínio do metabolismo energético costuma capturar a paixão de cientistas famosos. Eric Newsholme foi eminente bioquímico que não escondia sua admiração por desafios de endurance.

Em coerência com o proposto por Per-Olof Astrand, considerava que séries intervaladas de exercícios cíclicos contendo 15 segundos de esforço máximo por apenas 20 segundos de recuperação seriam eficazes para aprimorar o metabolismo aeróbico. Para tanto, referia-se ao papel da mioglobina muscular responsável por conduzir o oxigênio desde a membrana plasmatica até às mitocôndrias.

Mas como intervalos curtos de esforço poderiam ser percorridos com ênfase no metabolismo aeróbico? Como nos 15 segundos iniciais de esforço o oxigênio mitocondrial é proveniente tanto da mioglobina como dos capilares, o consumo de oxigênio nas fibras musculares tenderia a ser bastante elevado nesse período de tempo. Tal condição contribuiria para aumento da expressão de enzimas oxidativas mitocondriais, possibilitando adaptação que permitiria a realização subsequente de intervalos um pouco mais longos de esforço.

Neste último caso, o estresse imposto sobre os capilares, resultado do deficit de oxigênio associado ao esgotamento das reservas de oxi-mioglobina, contribuiria para aumento da densidade desses vasos. Com maior funcionalidade mitocondrial e melhor distribuição de oxigênio, haveria melhor aproveitamento do piruvato nesta organela, reduzindo a taxa de formação do lactato que nessas condições teria seu limiar aumentado. Desta forma, gerar estímulos máximos em distâncias curtas – desde que mantendo reduzido intervalo de descanso – podem contribuir para melhorar o rendimento aeróbico e deve fazer parte da programação de atletas iniciantes no princípio da temporada.

Roger de Moraes – @demoraesroger

Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

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