Ana Augusta Soares tem 33 anos e, semana passada, foi a vice-campeã geral do Ironman Mar Del Prata, na Argentina, com o tempo de 10:05:17, prova que foi destinada exclusivamente a atletas amadores. Conheça agora um pouco mais sobre a vida desta advogada e triatleta dedicada.
Ana Augusta é nova no triathlon, e fez sua primeira prova há pouco mais de dois anos. Antes disso ela fazia corridas de 5km e 10km por diversão com os amigos e frequentava academia, além de participar eventualmente de corridas de aventura. “Mas foi no final de 2016, quando minha segunda filha nasceu, após uma depressão pós-parto, que a médica me orientou a fazer algo que eu gostasse para ocupar a mente. Falei do esporte e ela me deu a maior força. Como eu tinha conhecido um menino carente nos treinos pra corrida de aventura, o Patrick, resolvi adotar ele após ver que passava mal nos treinos porque não tinha o que comer em casa. E foi esse garoto, em 2016, com 19 anos, que me apresentou o Triathlon”, revela ela, e completa: “Fui com esse meu filho adotivo e os amigos dele fazer meu primeiro Sprint Triathlon em Salvador, no mês de julho de 2017. Depois disso, todos os amigos dele começaram a me chamar de mãe também; eles competiam muito entre si e eu comecei a uni-los e despertar o sentimento de um ajudar ao outro.”
Um mês após sua estreia no triathlon ela decidiu se inscrever no Ironman 70.3 Maceió, sem nunca ter pedalado numa bike de estrada, ou numa “bicicleta de pneu fino”, que era como ela chamava uma Bike Time Trial. “Enfim, eu precisa fazer esse prova porque na minha cabeça eu fechava o ciclo da depressão e queria deixar tudo de ruim que vivi naquela prova, eu queria cruzar a linha e sabia que começaria uma nova história. Eu treinava amamentando, minha filha era bebê, não dormi direito uma noite sequer. Nos treinos longos, eu tirava leite com a desmamadeira, mas não faltava. Fiz muitas amizades com muitos meninos carentes e eu me sentia feliz perto deles. Treinar é meu momento criança”, conta Ana, que finalizou o desafio no ótimo tempo de 5h07min, “e uma bebê de 11 meses (Clarinha) e Joãozinho (meu mais velho com 2 aninhos)”, reforça.
Depois desse Meio Ironman, Ana Augusta fez até hoje mais quatro provas de Ironman 70.3 e uma de Ironman, ano passado, em Florianópolis. Para a prova na Argentina, ela revela que estava de férias após o Mundial de IM70.3 deste ano, em Nice, até que em meados de outubro foi incentivada por sua amiga triatleta Luciana Haddad a fazer a prova em Mar Del Plata. “Eu disse que não tinha a menor condições e ela insistiu dizendo que dava tempo para treinar. Já havia viajado com ela e foi tão bom… Como meu esposo estaria de férias, liguei pra meu treinador e perguntei se eu tinha chance de completar a prova. Ele disse que eu conseguiria terminar, mas não garantia eu chegar confortável, que eu iria sofrer. Ele aumentou os volumes, fiz os treinos todos, sofri muito nos primeiros longos, mas a ajuda e presença dos meus meninos que treinam comigo faz tudo ficar leve”, disse Ana.
Na prova, ela sofreu com o frio, mas conta em detalhes como foi sua saga: “Eu estava determinada a concluir a prova de todo jeito, pelo meu amigo que faleceu na natação durante o Ironman Cozumel.
Eu saí de um local que o normal são 40ºC pra um frio de 11ºC. Eu tremia o queixo de frio na largada. Eu tenho uma boa natação, mas meu técnico pediu pra eu nadar a 70% porque o pedal ia ser desgastante demais. Meu medidor de potência parou de funcionar no km 10, depois fui na percepção de esforço. Nunca vi tanto vento na minha vida. A bicicleta balançava, meu olho direito ficou embasado, voltei a enxergar normal hoje. Desci pra correr e vi que estava em segundo lugar. Eu achava que não conseguiria correr, o pé estava congelado ainda, dormente. Mas procurei fazer uma corrida progressiva. Senti muita dor de colica e tantas outras, mas como vi que tinha chance, eu trabalhava a mente, dizia pra mim mesma que no km seguinte melhoraria ! Deu certo!”
Ana Augusta divide seus treinos com a rotina de advogada e a família. “Eu tenho um escritório de advocacia que leva meu nome, e mais três advogadas que trabalham lá. Treino sempre de madrugada ou à noite. Durante o dia a rotina é levar filhos na escola, trabalhar, pegar as crianças, feira de casa etc. Ainda sou embaixadora de um shopping, vou duas vezes na semana lá!”, que mesmo com essa carreira toda, consegue manter uma alimentação natural, além da suplementação para o esporte, orientada pela Dra. Izadora Rocha.
Para 2020, Ana já tem programada sua participação no Ironman 70.3 Bariloche, no Ironman Florianópolis e, após o último domingo, no Ironman Havaí. “Meu objetivo é viver a minha rotina de treinos com meus amigos. Eu juro pelos meus filhos como já sou satisfeita com tudo que tenho, só quero poder continuar tendo minha rotina de treinos. O que vier é lucro. Eu sou movida a pessoas, em fazer parte da vida de alguém de forma positiva”, e reforça: “Tenha constância nos treinos e se cerque de pessoas que tenham os mesmos objetivos. Não que façam Ironman, mas que corram, outros que pedalem, nadem. Tudo fica mais leve e prazeroso.”
BIO
Nome: Ana Augusta Soares
Idade: 33 anos
Cidade onde nasceu: Tacaratu – PE
Cidade onde vive: Petrolina – PE
Tempo de triathlon: Dois anos
Altura: 1.62m
Peso: 59kg
Roupa de borracha: Roka
Óculos de natação: Roka
Bike: Cervélo p5
Capacete: Oaklen
Sapatilha: Sid
Tênis de corrida treino: Nike Pegasus turbo
Tênis de corrida competição: Nike Vaporfly
Óculos de sol: Oakley
Equipe/Treinador: Peaks – Kennedy / Abelardo
Patrocínio/Apoio: Não possui