Qual o melhor indicador bioquímico de overtraining?

Existem algumas formas de monitorar esse fenômeno a fim de evitar alterações graves para atletas e pessoas que treinam

Por Gustavo Monnerat

Volumes de treino inadequados, principalmente quando associado a pouco sono, recuperação insuficiente e dietas muito restritivas podem levar a uma alteração fisiológica chamada de overtraining. Esta irá promover uma queda no desempenho e alterações no humor, entre outras.

Do ponto de visto bioquímico, NÃO conhecemos um biomarcador específico para overtraining, porém existem algumas formas de monitorarmos esse fenômeno a fim de evitarmos alterações graves para atletas e pessoas que treinam. A razão entre testosterona e cortisol (T:C), tem sido demostrada em alguns estudos e por constatações práticas como uma ferramenta interessante, de modo que tanto a diminuição na testosterona como aumento no cortisol irão alterar a razão T:C, podendo estar associado ao ovetraining. Agora, quatro considerações devem ser feitas:

1) Para este teste, o melhor valor de referência será o próprio indivíduo ao longo do tempo e não valores populacionais;

2) Alguns hormônios variam ao longo do dia, assim o teste deve ser feito sempre no mesmo horário;

3) Restrição calórica ou de macronutriente (por ex: carboidratos) poderá mudar a razão T:C, independente de overtraining principalmente nas fases inicias da dieta por alterarem o cortisol;

4) Por último e não menos importante, a parte analítica do teste, ou seja, como hormônios são analisados no laboratório, terá um papel drástico nos valores obtidos. Este tema, infelizmente ainda é muito negligenciado em cursos da área da saúde e poucos profissionais entendem como funcionam os testes: imuno-ensaio, LC-MS/MS, Testosterona total, livre, ligada a proteínas sanguíneas (p.ex. SHBG e albumina), quantificação direta ou indireta, salivar ou circulante, limite de detecção, falso negativo e etc… Tema bastante extenso que pode ser discutido em um próximo texto.

Gustavo Monnerat é PhD em Fisiologia UFRJ/Bonn Universität. @gustavomonneratphd

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