Seis dicas para retomar os treinos pós-lesão

A ansiedade para retomar os treinamentos pode provocar uma volta precoce e trazer mais dos mesmos problemas

Por Fabiola Vieira

Sem treinar há muito tempo? Fratura por estresse, tendinite, estiramento ou topada no asfalto. Não importa o motivo, a ansiedade para retomar os treinamentos pode provocar uma volta precoce e trazer mais dos mesmos problemas ou até causar novas lesões por compensação.

A chance de sofrer novamente a mesma lesão aumenta significativamente se o retorno aos treinamentos é feito de forma intempestiva, mas é fácil não cair nessa armadilha. Aí vão 06 dicas simples.

1 – Acompanhamento e aprovação de uma profissional (médico e(ou) fisioterapeuta)

Embora incomum ao esporte profissional de competição, a chance de um atleta amador retomar os treinos antes de uma avaliação profissional é grande. Ansiedade, preguiça de ir ao médico, fazer longos e tediosos períodos de fisioterapia ou aquela voz interior que diz: “- Não tenho mais dor, então estou curado.” Após o desparecimento dos sinais óbvios de lesão, como dor, inchaço e rigidez é que a preocupação deve ser redobrada. Esse é o ponto onde um profissional experiente deve ser consultado, novos exames feitos e, aí sim, retomar sua rotina de forma leve e controlada, avaliando a área lesionada dia a dia.

Dica. Uma lesão no pé não o impedirá de nadar usando somente os braços. Nunca deixe de manter seu corpo em atividade. O retorno será muito mais rápido e indolor.

2 – Fortaleça a região afetada

O fortalecimento muscular da região afetada é um mantra para retomar sua vida esportiva. Musculatura forte, trabalhada de forma específica (Body Mind, 08 Erros que Causam Lesões em Triatletas) para cada esporte, estabiliza o conjunto músculo/articulação e garante movimentos mais fluidos e precisos, minimizando a chance de reincidência ou (ainda pior) de novas lesões.

Dê preferência a exercícios unilaterais e concentre-se na força excêntrica. Isso vai recrutar mais fibras musculares e fortalecer a área ao redor da lesão de forma mais completa e uniforme. Exercícios pliométricos também são uma excelente opção, mas, CUIDADO, normalmente são exercícios de maior impacto e só tem devem ser usados quando há a certeza de uma recuperação bem próxima dos 100%.

3 – Mantenha a mobilidade em dia

A falta de mobilidade pode ter sido a causa de uma lesão. Ela pode ser inerente ao atleta, causada e(ou) potencializada pela lesão ou ter sido só consequência da negligência a esse tipo de treinamento. Em todos os casos pode ser melhorada, é uma aliada valiosa à recuperação (seja de um músculo, tendão ou articulação) e vai ajudar muito na prevenção futura.

Dê importância a trabalhar a mobilidade da área afetada desde os estágios iniciais da lesão, obviamente respeitando os limites de dor e sempre com o acompanhamento de um profissional de fisioterapia.

4 – Invista na técnica

A correção do gesto esportivo é essencial para equalizar, dar mais fluidez a passadas, braçadas ou pedaladas e, consequentemente, realizar movimentos mais precisos e que não demandem ações compensatórias de um dos membros.

Embora mais comum nas fases de reabilitação ou recuperação cirúrgica, treinos educativos devem fazer parte da sua planilha em todas as fases de treinamento. Tanto quanto os treinos de mobilidade, eles lhe auxiliarão no ganho de desempenho a médio e longo prazos.

5 – Fuja de superfícies rígidas demais

Embora pareça um contrassenso, já que as provas são realizadas em pisos de asfalto ou cimento, essas duas superfícies são suas inimigas mortais numa fase de recuperação ou reabilitação quando falamos sobre corrida. Lembre-se da 3a Lei de Newton (“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”). Grama, areia, esteiras de academia, pistas de atletismo emborrachadas vão absorver parte do impacto das passadas e permitir que mesmo não estando ainda totalmente fortalecidas, estabilizadas e realizando movimentos tecnicamente perfeitos, as áreas lesionadas não serão tão severamente castigadas durante o treinamento.

6 – Vá com calma

Por último, mas não menos óbvio, como já comentamos na dica 01, volte devagar. Não importa o tempo parado, a ansiedade para retomar os treinos e competir e o quanto você ache estar curado. Retomar os treinos em alta intensidade ou volume excessivo após uma lesão é tão ruim quanto retomar os treinos antes do tempo. 50% do usual é o ideal nas primeiras 06 semanas, com um incremento de 10% a cada 01 ou 02 semanas, dependendo da frequência com que treina e, claro, da ausência de dor.

Procure não alterar muito seus treinos. Tiros intensos são proibitivos no começo. Velocidades muito baixas também podem não ser benéficas ao forçar movimentos que antes não faziam parte das suas características, aumentando o impacto e forçando músculos, tendões e articulações.

Siga essas dicas e garanto que você vai retornar aos treinos e competições de forma segura e com poucas chances de se lesionar novamente.

Fabíola Vieira é fisioterapeuta e triatleta amadora

@fabiolabvieira

 

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