Quando nós treinadores queremos melhorar a subida dos nossos atletas uma das coisas que vêm primeiro a mente é a relação PESO x POTÊNCIA. Até os mais leigos hoje em dia já ouviram falar nesta relação. Esta certamente é a melhor forma de melhorar a subida, diminuindo o peso corporal e aumentando a potência. Esta relação é sempre trabalhada a curto, médio e longo prazo, pois em algumas situações é mais fácil diminuir o peso do que aumentar a potência ou vice e versa. Este fator deve ser discutido entre treinador e atleta, pois tem muita coisa envolvida.
Falando em outros fatores, não podemos esquecer as adaptações neuromusculares já adquiridas pelo atleta durante seu treinamento quando vamos falar em qual cadência é melhor a ser usada ao encarar uma subida. Têm atletas que preferem subir com um giro maior (+ 90 rpm) e outros preferem com um giro menor, “travado” (- 70 rpm). Só durante o treinamento, encarando diversas situações, o atleta irá achar sua cadência ideal. Existem inúmeros estudos que afirmam que ao pedalar com um giro mais alto você diminui a tensão muscular, consequentemente, retarda a fadiga. Já outros falam que ao pedalar mais travado você tem uma maior economia do movimento, que também é um fator que retarda a fadiga.
Eu sempre treino meus atletas nas duas situações, pois em pouco tempo recebo o feedback sobre qual ele se adaptou melhor e ao mesmo tempo aconselho para que pratique nos treinos esta variação de marcha em diversas situações. Independente se você é adepto a um “tipo” de cadência ou a outra, durante os treinos você vai observar que a mudança de marcha é frequente e necessária. Nas subidas mais longas, na maioria das vezes, a melhor forma de subir é sentado para economizar energia, podendo intercalar com algumas pedaladas em pé só para mudar a posição e utilizar outros músculos. Subir em pé gera mais potência e força (consequentemente também aumenta o gasto energético) e é a melhor forma de transpor as subidas mais curtas.
Se a subida for técnica, procure manter uma velocidade constante, tentando encontrar sempre a cadência ideal (na parte técnica é sempre bom utilizar uma cadência um pouco mais alta do que em uma situação de terreno liso, pois a qualquer momento você pode precisar de um giro a mais para transpor um obstáculo e se já estiver no limite, travado, vai faltar força). Caso a inclinação aumente, abaixe o tronco sobre o guidão e sente mais na ponta do selim para não perder tração e a roda da frente não sair do chão. Descer da bike e empurrar não é uma boa opção quando se deseja desempenho na subida, pois vai perder o ritmo da pedalada, a postura na bike e essa mudança gera um desgaste físico desnecessário. Entretanto, certamente em alguma prova você vai realmente ter que descer da bike e empurrar, por isso, esteja preparado. Esta técnica é negligenciada por muitos, mas para ser rápido quando a situação aparecer você tem que treinar. Você deve treinar empurrando a bike no chão segurando-a em diversas posições, bem como a suspendendo quando for difícil a rolagem da roda ao chão.
Tenha calma nas situações que exijam mais técnica, pois mesmo você não estando tão veloz quanto gostaria isto poderá evitar quedas que danifiquem seu equipamento, te fazendo perder mais tempo ou até mesmo te tirar da prova.
Cid Barbosa é triatleta e treinador da CB Sports
cfbarbosa15@hotmail.com