A temporada é planejada para que o objetivo principal coincida com o final da espiral
Por Rodrigo Tosta
Diferente da periodização tradicional encontrada nos livros didáticos, o Sistema Espiral de planejamento foca na consistência, trabalhando para subir os níveis de desempenho a cada ciclo sem abrir mão dos ganhos aeróbios conquistados nos ciclos anteriores.
Procuramos dividir os 12 meses do ano em três grandes blocos de treinamento, e é nosso objetivo estar em um patamar de desempenho mais alto ao final de cada bloco de aproximadamente 15 semanas.
Dentro de cada bloco há 5 ciclos de trabalho com um ciclo de recuperação após o período de competição. Diferentes aspectos do treinamento são enfatizados em cada uma dessas fases de acordo com os objetivos e necessidades dos atletas.
A temporada é planejada para que o objetivo principal coincida com o final da espiral. As provas são parte integrante do sistema, mas não necessariamente são os objetivos principais.
Existem muitos benefícios provenientes da abordagem de planejamento no Sistema Espiral, mas vamos citar os dois principais:
Benefício mental
Dessa forma você será capaz de competir com mais frequência, o que gera um maior aprendizado em função das experiências vividas, já que pode testar várias estratégias de prova diferentes até encontrar a que melhor se adapte a você, além de diminuir a pressão que pesa sobre os ombros quando você “mira” em apenas uma única prova durante o ano. Essa diminuição da pressão te deixa mais relaxado para desempenhar todo seu potencial e ensina que toda prova deve ser tratada apenas como mais uma prova e não como a mais importante, pois o foco está no planejamento e na sua evolução como atleta.
Benefícios físicos
A diferença entre competir com apenas dois ou três dias de treinos mais leves, ao contrário de uma semana inteira, é pequena em termos de resultados (cerca de 5%), porém, dessa forma, você não conseguirá ir além do seu limite durante a prova, ajudando assim o processo de recuperação. Quando os atletas estão muito descansados, seus corpos muitas vezes vão além dos limites na busca dos melhores resultados e isso gera um estresse fisiológico muito grande, necessitando de um longo período de recuperação e quebrando a consistência.
Podemos fazer a seguinte analogia: se você passar uma faca afiada na palma de sua mão, provavelmente fará um grande corte, que demorará para cicatrizar e talvez você fique com a marca do ferimento por muito tempo, ao passo que se você esfregar sua unha na palma da sua mão, você apenas vai promover uma vermelhidão ou um arranhão. Se fizer isso por vários dias seguidos, você tornará a pele da palma da mão mais grossa, áspera e “forte”. É exatamente assim com o treinamento!
Rodrigo Tosta é técnico e diretor da RT Performance. @rt.performance e @rodrigotosta