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O triathlon é um esporte complexo, são três esportes interagindo entre si, equipamentos diferentes para cada um deles, duas transições entre esses esportes, além das diferenças de distâncias entre as provas e, mesmo provas com as mesmas distâncias, podem ser totalmente diferentes devido às características dos percursos como altimetria, temperatura, umidade, ventos, correntezas, entre outras razões.
Diante dessa complexidade, basta perguntar para os triatletas o que é necessário para nadar, pedalar e correr mais rápido e a maioria irá responder que é preciso nadar, pedalar e correr mais. Isso até certo ponto é verdade, mas muitos atletas já estão treinando no volume máximo de horas semanais possível, de modo que essa abordagem não se faz cabível e certamente seria contraproducente por afetar outras áreas de sua vida como família e profissão. Mas diferente do que possa parecer, ser um triatleta 24 horas nada tem a ver com passar o dia e a noite se exercitando. Melhorar sua performance requer também um equilíbrio entre os seus treinos e outras práticas que você deve levar em conta nas horas em que não estiver nadando, pedalando ou correndo. Enumerei duas áreas com alguns desdobramentos para facilitar a visualização e o entendimento:
1ª área: Recuperação
Quando tocamos nesse assunto temos a impressão de que é o mais simples de tudo, mas por incrível que pareça triatletas têm uma enorme dificuldade com este ponto. Mas é fundamental entendermos que o condicionamento é uma adaptação do nosso corpo aos estímulos a que nos submetemos e essa adaptação acontece exatamente durante a recuperação e não durante os treinos. Existem aqui três sub-ítens que para mim são os pilares de uma boa recuperação:
Nutrição – ter uma alimentação balanceada e compatível com seus objetivos esportivos é essencial para conseguir uma recuperação rápida e plena. Principalmente após os treinos mais longos e/ou intensos, precisamos nos hidratar corretamente, repor nossas reservas de glicogênio e de proteína a fim de minimizar o estresse muscular e imunológico.
Sono – é bem verdade que cada pessoa tem um número de horas ideal de sono e não podemos padronizar, mas de toda forma é importante saber que quanto mais você puder dormir melhor. É durante o sono que secretamos o GH, o hormônio do crescimento, que é o principal responsável pela reparação dos danos causados ao nosso corpo pelo treinamento.
Massagem – especificamente essa técnica ajuda seus músculos a se recuperarem mais rápido, aumentando a circulação sanguínea, facilitando a eliminação dos resíduos metabólicos e liberando os nódulos chamados de “trigger points”, que são como um nó em nossas fibras musculares que impedem o bom deslize dos filamentos de actina e miosina responsáveis pela contração e extensão plena de nossos músculos.
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2ª área: Reflexão
Isso engloba todo o tipo de manipulação de informações que temos para nos ajudar a competir melhor, seja do ponto de vista mental, emocional ou logístico. Também gosto de dividir esse tema em três sub-ítens:
Vizualização – essa é uma técnica muito utilizada pelos campeões. Precisamos incorporar esse hábito de visualizar tudo o que queremos que aconteça no dia da prova, durante nossa rotina de treinos. Cada etapa, desde antes da largada até a linha de chegada, cada detalhe, como se tivéssemos antevendo todas as situações; inclusive alguns momentos difíceis, já que não estamos livres que aconteçam, para dessa forma sabermos melhor como vamos encará-los. Outra ótima forma de visualização é conhecer o percurso da prova previamente. Você pode fazer isso caminhando ou com um trote leve, onde possa parar algumas vezes e se imaginar ali, durante a disputa com uma atitude positiva e vitoriosa.
Planejamento – ter um plano de treinos bem definido te ajuda a se manter no rumo certo e corrigir eventuais desvios de rota com mais facilidade. Anotar feedbacks importantes de cada treino vai te trazendo confiança a cada dia, pois você conseguirá perceber mais facilmente sua evolução e essa confiança te manterá mais consistente dentro de seu plano. O planejamento deve incluir diversas áreas, desde sua rotina diária de treinos até qual hotel você ficará hospedado durante o período de sua competição. Planejar os detelhes de sua viagem com antecedência lhe dará tranquilidade para se manter focado nos treinos. Errar ao planejar é quase como planejar errar!
“Up grades” – o mundo do triathlon é sempre cheio de novidades em termos de equipamentos e muitas vezes somos levados a investir em algo que não necessariamente vai ter grande influência em nossa performance. Mas existem alguns equipamentos que realmente nos trazem benefícios. Procure estudar com calma e sempre analisar atentamente o que pode te beneficiar para que você faça o “up grade” certo. Esteja atento às características do percurso que você vai competir, pois um cassete maior pode ser uma boa pedida ou mudar o tamanho de seu pedivela também pode ser considerado, de acordo com sua forma de pedalar ou seu novo bike fit. Um capacete aero ou rodas com perfil mais baixo do que normalmente você vem usando podem ser apostas certeiras dependendo da ocasião. Mas independente de qual seja o investimento, lembre-se que você precisa fazê-lo com antecedência para que tenha tempo de se adaptar à mudança e principalmente para que consiga extrair dela o que busca.
Então, não se preocupe apenas em pular na piscina, subir na bicicleta ou calçar o tênis, esteja atento a pontos que, muitas vezes, de forma indireta, acabarão te tornando mais rápido e mais resistente.
Bons treinos!
Rodrigo Tosta é técnico de triathlon
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