Vo2 e envelhecimento

A correlação do Vo2, envelhecimento e treinamento

O VO2 máximo é frequentemente utilizado como parâmetro para conferir superioridade de um atleta de endurance sobre outro. Ainda que tais comparações não sejam corretas, já que o rendimento aeróbico depende também da eficiência mecânica e do limiar do lactato, o VO2 máximo reflete o produto entre o débito cardíaco e a diferença artério-venosa de oxigênio.

Ou seja, o produto entre a máxima velocidade de oferta de sangue para os tecidos e a capacidade dos mesmos em utilizar oxigênio. Embora a taxa de queda do VO2 máximo com o envelhecimento a partir dos 40 anos seja de cerca de 10% por década, atletas master que se mantém em treinamento podem reduzir essa taxa em 5% por década.

Tal informação sugere que parte da deterioração do VO2 máximo com a idade deve-se a redução do volume e intensidade do treinamento. Sim, existe um componente biológico associado ao enrijecimento do coração e dos vasos de condução e a redução da frequência cardiaca de reserva.

Coletivamente esses fatores reduzem a possibilidade de oferta de oxigênio para o tecido muscular que tende a atrofiar com o envelhecimento. Neste ponto, parece importante preservar ou ganhar massa muscular após os 50 anos e evitar o ganho de gordura. Ex atletas muito bem treinados que podem ter sido campeões olimpicos e/ou mundiais, uma vez destreinados não tem qualquer resquício do VO2 máximo conquistado no passado.

Quedas de 1,06 mlxKg-1xmin-1 ao ano tem sido observadas em individuos nessas condições enquanto que aqueles que se mantém regularmente ativos ao longo da vida podem apresentar reduções anuais de apenas 0,23mlxKg-1xmin-1 até os 90 anos.

Se aos 50 anos você é capaz de correr 2500m em 12 minutos, significa que possui VO2 máximo estimado de 44,4mlxKg-1xmin-1. Caso se mantenha ativo pelos próximos 40 anos, chegará aos 90anos com VO2 máximo de 35ml×Kg-1xmin-1, ou o suficiente para correr a 9,6Km/h por mais de 30 minutos.

Himoru Inada é o japonês da foto. Ele tem 87 anos e completa o Ironman em 16h e 53minutos.

Roger de Moraes
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz

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